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Bahia

Morte de motoristas de app: Suspeito confessa crime e diz que objetivo era roubar vítimas

Segundo a polícia, eles decidiram matar os motoristas após duas das vítimas reagirem

Por Da Redação
Ás

Morte de motoristas de app: Suspeito confessa crime e diz que objetivo era roubar vítimas

Foto: Reprodução/G1

O homem suspeito de atuar na morte dos quatro motoristas por aplicativo em Salvador, que foi preso na quinta-feira (26), disse à polícia que o objetivo do grupo era roubar os veículos das vítimas.

O depoimento dele contraria a versão divulgada pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT), de que os assassinatos teriam sido ordenados por traficante, após motoristas por app negarem corrida à mãe dele.

"A hipótese de vingança foi descartada. Eles não queriam matar porque um motorista negou socorro a mãe de um deles. O objetivo era roubar dinheiro e os carros", explicou o delegado Odair Carneiro, responsável pelo caso.

O suspeito, apresentado em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (27), foi identificado como Benjamin Franco da Silva de 25 anos. Benjamin, que é travesti e também conhecido como Amanda, ajudou a acionar as vítimas, através dos aplicativos.

Após investigações, Benjamin foi encontrado na casa de familiares, na localidade do Alto do Tanque, bairro de Periperi.

De acordo com o delegado, com os motoristas rendidos, Benjamin e os comparsas pegavam o celular das vítimas e acionavam outro motorista. "Ele [Benjamin] que acionava a vítima pelo aplicativo, depois rendia elas, levava para um campo de futebol e depois para o barraco onde ocorreram os crimes. Como duas das vítimas reagiram e tentaram fugir, eles decidiram matar os motoristas. Benjamin presenciou as execuções, não efetuou disparos, mas espancou as vítimas" contou Odair.

Com o suspeito apresentado nesta sexta, subiu para cinco o número de integrantes do grupo localizados pela polícia.

Os dois primeiros suspeitos morreram em confronto com policiais militares no mesmo dia do crime, na cidade de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. Os outros dois, um adolescente de 17 e Jéferson Palmeira Soares Santos, mais conhecido como Jel, foram encontrados mortos dias após a chacina.

Crime

O crime ocorreu na Rua do Nepal, no bairro do Jardim Santo Inácio. Quatro motoristas foram assassinados após aceitarem corridas que tinham a localidade como ponto de partida. Os corpos das vítimas tinham sinais de tortura e estavam enrolados em lonas de plástico.

Um outro motorista conseguiu fugir. Ele foi medicado e liberado após o crime, porém foi hospitalizado novamente pouco tempo depois. 

No mesmo bairro, três carros que seriam dos motoristas foram localizados. Outro veículo foi achado no pedágio da cidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador. Não há informações sobre o quinto carro.

Uma das linhas de investigação da polícia, que foi apontada no dia 17 pelo Governador é de que o mandante do crime teria iniciado o ataque após a mãe dele ter uma corrida cancelada. A hipótese, no entanto, estava em investigação na época e não foi confirmada pela polícia.

Os mortos são:

Sávio da Silva Dias, de 23 anos
Alisson Silva Damasceno, de 27 anos
Daniel Santos da Silva, de 31 anos
Genivaldo da Silva Félix, de 48 anos

Os suspeitos identificados até então são:

Jeferson Palmeira Soares Santos, conhecido como "Jel": apontado como mandante do crime
Antônio Carlos Santos de Carvalho, de 19 anos: apontado por envolvimento
Marcos Moura de Jesus, de 30 anos: apontado por envolvimento

Único sobrevivente

Em entrevista exclusiva à TV Bahia, pouco após o crime, o sobrevivente da chacina contou que não conseguia dormir por causa do trauma. Ele também relembrou como foi abordado pelos criminosos, disse que pediu para não ser morto e falou do momento em que foi torturado.

O motorista conseguiu escapar dos bandidos depois que uma das vítimas lutou com os suspeitos. Foi ele que chamou a polícia.

A vítima contou que saiu às 5h para abastecer o carro e começou a trabalhar. A primeira corrida foi no bairro de Pau da Lima, também na capital baiana. Em seguida ele foi para o bairro de Santo Inácio, onde foi abordado pelos criminosos.

O homem disse que quando chegou em um barraco, viu uma pessoa deitada, morta, e outro rapaz com pés e mãos amarrados. O motorista disse que pediu para não morrer, e um dos criminosos perguntou se ele ele tinha dinheiro. Diante da negativa da vítima, o homem disse: "Então você vai morrer".

"A todo momento eu percebia que eles tinham a intenção só de matar. Porque eles deixavam ver o rosto deles. Diziam: 'Olhe pra mim. Olhe pra mim, que você vai pro inferno primeiro e depois, num dia, a gente se encontra lá na frente'", contou.

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