Mourão nega participação em articulações contra posse de Lula
Senador se defende em depoimento para o STF

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (23), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que não recebeu qualquer orientação para agir contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tampouco participou de articulações golpistas para impedir a transição de governo.
Mourão foi ouvido como testemunha de defesa na ação que investiga uma tentativa de golpe de Estado supostamente organizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A investigação, conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), aponta que o grupo buscava impedir a efetivação do resultado das eleições de 2022, que deram vitória a Lula.
O senador também contestou a informação de que teria sido monitorado por militares ligados à suposta trama, conforme alegado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em acordo de delação premiada. Segundo Cid, Bolsonaro havia solicitado o monitoramento de Mourão para confirmar encontros com o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Mourão rebateu: "Se eu tivesse que me encontrar com vossa excelência, eu falaria com o presidente Bolsonaro: 'vou conversar com o ministro Alexandre de Moraes'. Não temos nada a esconder, não somos dois bandidos."
De acordo com o depoimento de Cid, os pedidos iniciais de vigilância a Moraes partiram de militares denunciados pela PGR como articuladores da suposta operação: Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima.
A oitiva de Mourão integra a fase de escuta de testemunhas da ação penal que apura a tentativa de golpe, e que também tem como réus o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e o ex-ministro Walter Braga Netto. A série de depoimentos teve início nesta semana, com testemunhas de acusação. Entre os já ouvidos estão ex-comandantes das Forças Armadas, que relataram o conhecimento de Bolsonaro sobre a proposta de manter-se no poder mesmo após a derrota eleitoral.
A denúncia da PGR, apresentada em março, acusa 34 pessoas, incluindo Bolsonaro, por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A análise do caso segue no STF.