MP-BA apresenta nova denúncia contra Binho Galinha e mais 12 por formar organização criminosa em Feira de Santana
Ministério Público reforça liderança do deputado e inclui policiais militares entre os novos acusados

Foto: Reprodução/Redes sociais
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) apresentou, nesta quinta-feira (30), uma nova denúncia contra o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, e outras 12 pessoas suspeitas de integrar uma organização criminosa com atuação há mais de uma década em Feira de Santana e municípios vizinhos. O parlamentar, preso há cerca de 25 dias, é apontado como o líder e coordenador do grupo.
Segundo o MP-BA, a nova denúncia foi motivada por fatos descobertos nas operações El Patrón e Hybris, conduzidas pela Polícia Federal e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O órgão afirma que as práticas ilegais continuaram mesmo após a deflagração das investigações anteriores.
De acordo com o documento, não há duplicidade de acusações, já que se tratam de novos episódios relacionados aos mesmos crimes. “Não se configura dupla imputação, uma vez que se trata de fatos distintos, ainda que relacionados à mesma tipificação penal, desde que haja continuidade delitiva após o marco interruptivo representado pelo recebimento da primeira denúncia”, explica o Ministério Público.
O MP reforça que Binho Galinha manteve o comando da organização, utilizando laranjas para movimentar recursos e driblar restrições judiciais. “Verificou-se, inclusive, que o denunciado KLÉBER CRISTIAN ESCOLANO DE ALMEIDA continuou exercendo a liderança da súcia, promovendo operações financeiras ilícitas por meio de interpostas pessoas (laranjas), adquirindo veículos de alto valor e mantendo a gestão dos negócios espúrios, em flagrante desrespeito às medidas cautelares anteriormente impostas”, cita o texto.
As investigações revelam que o grupo se originou de atividades ligadas ao jogo do bicho, expandindo-se para agiotagem, lavagem de dinheiro, extorsão, receptação qualificada e exploração de jogos de azar. A denúncia ainda aponta o agravante do uso de armas de fogo, com a existência de um “Núcleo Armado” responsável por proteger o líder e executar ordens ilegais mediante violência.
“As investigações revelaram que o grupo criminoso em questão possui uma estrutura robusta e amplamente ramificada, composta por um número expressivo de integrantes distribuídos em diferentes núcleos operacionais, todos coordenados e geridos pelo líder KLEBER CRISTIAN”, destaca o MP.
Entre os novos denunciados, estão quatro policiais militares da ativa: Allan Silva e Silva, apontado como integrante do Núcleo Armado e responsável pela segurança pessoal do deputado e de sua família; Wildson Nunes de Oliveira, acusado de atuar como miliciano e de realizar cobranças ilegais sob ordens da “alta cúpula”; Thiago Almeida Santos, conhecido como “Nariga”, também ligado ao núcleo armado; André Santos da Silva, o “Del” ou “Porcão”, denunciado por organização criminosa e embaraço à investigação por apagar dados do celular durante operação policial.
Outros nove nomes também foram incluídos na nova peça judicial:
- Cristiano de Oliveira Machado, acusado de lavagem de dinheiro e de atuar como “laranja” no núcleo financeiro.
- Geisiel Pereira dos Santos, integrante do núcleo armado, envolvido em cobranças com uso de violência.
- Müller Santos Souza, responsável pelo núcleo de agiotagem e contabilidade do grupo
- Anailson de Almeida Silva, que operava nas negociações de empréstimos ilegais.
- Alan Nascimento de Jesus, também atuante no núcleo de agiotagem.
- Bruno Borges França, denunciado por lavagem de capitais e extorsão ao ocultar bens e constranger vítimas.
- Mayana Cerqueira da Silva, esposa de Binho Galinha, apontada como dirigente administrativa do grupo.
- João Guilherme, filho do parlamentar, que teria papel operacional nas atividades criminosas.
- Jorge Vinícius de Souza Santana, o “Piano”, identificado como principal operador financeiro do grupo em denúncia anterior.
O Ministério Público solicita à Justiça a perda de cargos públicos, interdição de funções, reparação por danos morais coletivos e o perdimento de bens adquiridos ilegalmente. O caso segue em investigação em conjunto com a Polícia Federal.


