Mulher acusa hospital de erro médico por ficar sem andar, enxergar e ouvir após aplicação de silicone
Procedimento cirúrgico foi feito no Hospital Semiu, na Vila da Penha, no RJ

Foto: Reprodução/Redes sociais
A vendedora de roupas Luciene de Souza, de 27 anos, acusa um hospital particular da Zona Norte do Rio de Janeiro de erro médico durante o procedimento de implante de uma prótese de silicone. Segundo ela, depois da intervenção, há quase 10 meses, perdeu parte da visão, parou de andar e de ouvir.
Após o caso ser exposto nas redes sociais, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o procedimento cirúrgico, que ocorreu no Hospital Semiu, na Vila da Penha.
Segundo Luciene, ela quis implantar o silicone após dar à luz os dois filhos e que juntou mais de R$ 20 mil para o procedimento. “No dia 26 de julho de 2024, eu realizaria um sonho: colocaria silicone. Mas esse sonho virou um pesadelo. Fui fazer uma cirurgia, feliz, porque eu queria colocar [as próteses] após ser mãe. Juntei dinheiro e paguei tudo. Mas, ao acordar, começou o pesadelo”, lembra a jovem em entrevista ao g1.
A mulher explicou ainda que depois da cirurgia acordou sem audição e com o corpo paralisado. “Estava tudo escuro e eu pensei: ‘estou morta’. Comecei a falar com Deus, em pensamento, para que Ele não me deixasse morrer. Quem cuidaria dos meus filhos? Eles precisam de mim. Não sei quanto tempo depois, acordei já sem audição e com meu corpo paralisado do peito para baixo. Bateu um desespero”, diz Luciene.
A vendedora pontuou que o funcionários do hospital realizaram diversos exames e detectaram que esqueceram de fazer os curativos nas mamas. De acordo com a mulher, os peitos dela estavam necrosando.
“Eles esqueceram que colocaram o silicone. Quando abriram para fazer os curativos, estava necrosado. Tinha um buraco no meu peito. Mesmo assim, a médica me deu alta”, relata.
Segunda cirurgia
Luciene foi submetida a uma segunda cirurgia para retirar as mamas e fazer um implante. Segundo a prima dela, Dandara Castro, precisou fazer um enxerto e tirou de várias partes do corpo para colocar no peito.
“A minha prima foi submetida a duas cirurgias no Souza Aguiar, após essa médica mandá-la para lá. Ela teve que fazer um enxerto, tirar das pernas e do bumbum para colocar no peito. Após a cirurgia, ninguém deu assistência. Ninguém fala o que aconteceu. Só disseram que ela teve uma parada cardíaca, e ficou por isso mesmo”, diz Dandara.
Nove meses depois do procedimento, a vendedora está sem as mamas, utiliza sonda para drenar a urina e tem dificuldades para enxergar, além de utilizar cadeira de rodas para se locomover.
O caso foi registrado na 27ª DP (Vicente de Carvalho) como lesão corporal.
Posicionamento do hospital
Por meio de nota, o Hospital Semiu explicou que a médica responsável pela cirurgia não faz parte do corpo clínico da unidade e que não possuí qualquer vínculo com o hospital. Segundo a nota, “o hospital apenas cedeu suas instalações para a realização do procedimento”.
O texto diz ainda que no Hospital Semiu, “é comum e rotineiro que médicos sem qualquer relação de preposição com hospitais utilizam-se dos centros cirúrgicos dos nosocômios [hospitais] para realizarem procedimentos médicos em seus pacientes, como no caso em questão, sendo esses médicos responsáveis pelo pré e pós cirúrgico dos pacientes”.
“As obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar em casos como esses ficam adstritos ao fornecimento de recursos materiais (instalações adequadas), aos quais a paciente jamais se queixou”, diz a direção do hospital.
Por fim, a unidade de saúde disse que “possui toda estrutura e suporte necessário para garantir a segurança para o tipo de procedimento que fora realizado pela paciente Luciene de Souza”.