'Não há atividade econômica que possa pagar os juros cobrados hoje', diz presidente da CNI
Robson Braga criticou o custo do dinheiro e pediu que o BC tivesse outra visão da economia do país
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, criticou o nível dos juros no Brasil e afirmou em entrevista ao Estadão que "não há nenhuma atividade econômica que possa pagar os juros tão elevados".
"Você chega a pagar entre 20% e 30% ao ano, a depender do tamanho da empresa. O Copom tem uma visão de redução da liberdade, mas existem opções para conter isso. O mundo inteiro está vendo que existe um processo de desaceleração da sobrevivência e também de desaceleração do aumento das taxas de juros. Em alguns países, se aposta na sucessiva redução dessas taxas. O Brasil precisa fazer isso. O Banco Central tem de olhar outros fatores da economia brasileira", completa.
Braga também disse que, apesar de positivo, o pacote do governo para o setor automotivo terá efeito pequeno. "O que gera impacto no negócio de automóveis e caminhões é o crédito de prazo longo e a taxa de juros baixa. Além disso, vemos que a população está bastante estrangulada com relação aos recursos financeiros. Você vê o consumo observado não só na indústria automobilística, mas inclusive na indústria de alimentos. Isso está seguindo de maneira geral, porque o Brasil precisa de crédito de prazo médio com taxas de juros condizentes com a remuneração dos trabalhadores, senão não vamos ter demandas pelos produtos industriais e também pelos serviços", pontua.
Sobre a perspectiva de aprovação de uma reforma tributária, o presidente da CNI se disse otimista e afirmou que o relatório lido pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) ficou "muito bom e está sendo muito bem avaliado".
"Existem críticas que vêm de pessoas que não leram, não analisaram o impacto que pode ter na atividade econômica do país, mesmo para as regiões do Norte e Nordeste, que têm mais consumo do que produção. E a redução da burocracia, desse emaranhado que nós temos, vai realmente melhorar bastante. Estou otimista porque vejo um movimento na Câmara que é um sentimento de que os deputados estão compreendendo bastante a necessidade de aprovação de uma reforma tributária, e o governo está empenhado nisso também", argumentou.