'Não quero virar estatística', diz vítima de tentativa de feminicídio pelo ex-marido
A juíza que analisou o caso não decretou prisão preventiva do acusado
Foto: Arquivo Pessoal
A técnica de enfermagem Alane Inácio Botelho, de 29 anos, foi atacada pelo ex-marido, Lucas Bruno Correia Oliveira dos Santos, de 28 anos. Alane relatou que, na madrugada do dia 23 de março, ele pulou o muro da casa de Alane, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, entrou em seu quarto e começou a esfaqueá-la. Alane só não morreu porque seu irmão ouviu os grito e foi socorrê-la.
"O mais louco é que, até o momento do meu irmão chegar, eu nem sabia quem estava me atacando. Só quando meu irmão entrou no quarto e acendeu a luz que eu vi que era o Lucas", disse.
Alane teve um corte no pescoço, onde levou seis pontos, e um outro profundo na mão, feito quando tentava se defender, e que precisou de uma neurorrafia - cirurgia que restaura a ligação de um nervo que foi cortado.
Desde que teve alta médica, Alane vive escondida na casa de parentes, com medo de seu agressor voltar. A filha do casal também saiu de casa e está em outro lugar por segurança. "Tem uma semana que não vejo minha filha. Fiz isso para ele não encontrá-la", diz.
A vítima tinha esperança de voltar à normalidade com a decretação da prisão preventiva de Lucas, pedida pela 59ª DP, em Duque de Caxias, que investiga o caso, mas negada pela juíza Anna Christina da Silveira Fernandes, da 4ª Vara Criminal.
A magistrada considerou que não havia elementos suficientes que demonstrassem que Lucas pudesse atrapalhar a investigação policial, e que medidas protetivas poderiam resguardar a vida de Alane.
"Tinha certeza que a prisão seria decretada pela gravidade do que ele fez, mas não. Estou em pânico, insegura e convicta de que ele vai voltar! Ele vai tentar me matar de novo. Eu não quero, não posso virar estatística", disse Alane.