"Nenhum Banco Central quer ter juros altos, queremos reduzir", afirma Campos Neto

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse, nesta quarta-feira (5), que o governo tem feito um "esforço grande" em medidas fiscais. A declaração acontece logo após a apresentação do desenho do novo arcabouço fiscal pelo Ministério da Fazenda. 

Sobre as projeções de inflação no médio prazo ainda elevadas, Campos Neto afirmou que o BC "acredita muito" no sistema de metas e que é preciso trabalhar no canal de expectativas, um dos motivos que têm mantido a Selic alta.

"Nenhum Banco Central quer ter juros altos. A gente quer cair os juros. Mas a gente tem de olhar o que é sustentável para frente”, disse. 

Campos Neto também disse acreditar que há certa "ansiedade" na demanda por corte de gastos obrigatórios no âmbito fiscal, mas que, com "exceção de duas ou três reformas", o Brasil tem dificuldade de cortar essas despesas. "Temos um problema estrutural de cortar despesas, não é desse governo, é de muitos e muitos anos", disse.

"Quando a gente olha o governo dizer que vai crescer, no mínimo, 0,6% real os gastos, temos de entender que tem uma parte que é encomendada já, por regra. Temos 46% da despesa que cresce a 1,5%. Quando se fala que vai crescer 0,6%, tem algum esforço envolvido nisso", afirmou. 

Para o presidente, a visão do BC era "superpositiva" e que a autoridade monetária observará com atenção a tramitação no Congresso.