Número de mortes por Alzheimer aumenta na Bahia desde a pandemia da Covid-19
Neste sábado (21), é celebrado o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Desde o início da pandemia da Covid-19, o número de mortes e internações por Alzheimer aumentou na Bahia. Entre 2020 e setembro de 2024, foram registradas 5.981 mortes pela doença, segundo dados da Secretaria de Saúde do estado (Sesab). Neste ano, até o momento, um pouco mais da metade do ano anterior foi contabilizado com 905 mortes.
O dia 21 de setembro, celebrado neste sábado, foi instituído como o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer pela Associação Internacional da doença com o objetivo de conscientizar a população sobre a doença considerada a causa mais comum da demência no mundo.
Esquecimento, mudança de comportamento e dificuldade para resolver problemas são alguns dos sinais da doença. Foi com esses aspectos que Elvira de Morais percebeu que algo estava acontecendo com sua mãe Gilda Forte , na época com 72 de idade, em 2020.
"Ela começou a apresentar uns pensamentos meio confusos, um esquecimento assim importante e começou a se atrapalhar na gestão financeira da vida dela. Ela sacava um valor relativamente alto e a gente não sabia o que ela fazia com esse dinheiro, e aí ela dizia em determinado momento que estava sem dinheiro. E aí a gente ia investigar o que está acontecendo, não era uma coisa costumeira, ela sempre organizou a própria vida e esse foi o primeiro sinal que a gente percebeu", disse.
Após o alerta, a família buscou ajuda médica e após uma longa investigação, o diagnóstico veio dois anos depois, em outubro de 2022."Ela relutou bastante. São feitos alguns testes. Foi um momento, muito difícil não sabíamos também como agir", concluiu.
O perfil dos pacientes, em sua maioria, é de pessoas idosas com mais de 60 aos de idade. De acordo com o neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Thiago Nascimento, o esquecimento pode ter diversas causas, é necessário perceber a progressão da situação. "Quando você vir um paciente idoso que começa a ter uma perda de memória progressiva que vai piorando a cada momento é um sinal de alarme que chama atenção. Sabia fazer uma comida e deixou de saber fazer. Tem que ser acompanhado e revisto e revisto", disse.
Segundo o Ministério da Saúde, o Alzheimer apresenta características para quatro estágios da doença: a forma inicial normalmente com casos de alterações na memória, na personalidade e habilidades visuais e espaciais. Moderada que pode apresentar dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, além de estados de agitação e insônia.
Já no estágio 3, forma grave, os pacientes podem ter resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal acompanhado da dificuldade para comer e a deficiência motora progressiva. É considerado estágio terminal quando há restrição ao leito, mutismo, dor à deglutição e infecções intercorrentes.
Apesar do padrão apresentado, Nascimento ressalta que cada caso deve ser considerado individualmente. “A temporalidade vai depender muito de como esse paciente é acompanhado. O primeiro estágio pode durar dois quatro anos nessa faixa. Mas cada paciente é diferente. Então tem que avaliar de acordo com a pessoa. E aí pode durar pode variar muito 2 a 10 anos, então isso é muito variável, depende da do grau de assistência e de como o paciente foi caracterizado inicialmente”.
Tratamento
Para tratar do Alzheimer são utilizados medicamentos para minimizar os distúrbios, já que a doença não tem cura. Consta no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) quatro remédios disponibilizados na rede pública de saúde: Donepezila, Galantamina, Rivastigmina e Memantina.
Além do uso de meio medicamentosos, o ideal é que o tratamento esteja atrelado ao acompanhamento psicológico e multidisciplinar. “Outra coisa, é a parte do tratamento para o comportamental, tratar a agressividade, também a própria família naquele estresse que eles estão vivendo. Além disso, tratamentos como fisioterapia terapia ocupacional, fonoterapia. Muitas vezes o paciente precisa de nutricionista por apresentar tem um déficit nutricional importante”, afirmou.
Prevenção
A Doença de Alzheimer ainda não possui uma forma de prevenção específica, mas a orientação médica é a manutenção de uma vida com alimentação saudável e com exercício físico. O Ministério da Saúde recomenda:
- Estudar, ler, pensar, manter a mente sempre ativa;
- Fazer exercícios de aritmética;
- Jogos inteligentes;
- Atividades em grupo;
- Não fumar;
- Não consumir bebida alcoólica;
- Ter alimentação saudável e regrada;
- Fazer prática de atividades físicas regulares.