• Home/
  • Notícias/
  • Saúde/
  • Número de médicos especialistas no Brasil está abaixo da média dos países OCDE, aponta estudo

Número de médicos especialistas no Brasil está abaixo da média dos países OCDE, aponta estudo

Região Sudeste concentra 55,4% de todos os profissionais, seguida pelas regiões Sul (16,7%), Nordeste (14,5%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (5,9%)

Por Da Redação
Ás

Número de médicos especialistas no Brasil está abaixo da média dos países OCDE, aponta estudo

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O número de médicos especialistas no Brasil está abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 62,9%. É o que mostra a nova edição da Demografia Médica 2025, lançada nesta quarta-feira (30). 

Em dezembro de 2024, o país contava com 353.287 médicos especialistas, o que representa 59,1% do total de médicos registrados. Os demais 244.141 (40,9%) eram generalistas, graduados em medicina, mas sem título de especialista. Entre as 55 especialidades regulamentadas no Brasil, sete delas concentram 50,6% do total de especialistas: Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Anestesiologia, Cardiologia e Ortopedia e Traumatologia.

O estudo revela que 63,7% dos títulos em especialidades foram obtidos por meio da Residência Médica, enquanto 36,3% foram concedidos por exames de titulação pelas sociedades médicas vinculadas à Associação Médica Brasileira (AMB). Entre os médicos especialistas, a maioria (79,1%) possui um título, enquanto 20,9% acumulam dois ou mais títulos em diferentes especialidades. 

Apesar do crescimento, a distribuição dos especialistas no território nacional é desigual. O percentual de especialistas em relação ao total de médicos varia de 72,2% no Distrito Federal e 67,9% no Rio Grande do Sul a 46,5% em Rondônia e 45,1% no Piauí.  A região Sudeste concentra 55,4% de todos os médicos especialistas, seguida pelas regiões Sul (16,7%), Nordeste (14,5%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (5,9%).

“O objetivo da Demografia Médica é fornecer uma base empírica compartilhada para o debate sobre os diversos desafios enfrentados pela medicina e pelo sistema de saúde. Queremos produzir e divulgar evidências que possam apoiar a formulação e execução de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do SUS”, explica o coordenador do estudo, docente do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Mário Scheffer.

Rede privada no Sudeste tem maior concentração    

O estudo inédito também evidencia a maior concentração de médicos especialistas na rede privada e na região Sudeste. 

Segundo os dados da publicação, pacientes com plano de saúde são submetidos, proporcionalmente, a mais cirurgias que os atendidos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em outro recorte, o levantamento analisou os três procedimentos mais realizados no Brasil: remoção do apêndice, retirada da vesícula biliar e correções de hérnias da parede abdominal.

Na apendicectomia, cirurgia de urgência mais comum no país, a taxa entre beneficiários de planos de saúde foi de 100 por 100 mil habitantes - 34,4% superior à verificada no SUS (74,45 por 100 mil). Considerando o volume, o sistema público respondeu por 70% do total de procedimentos em 2023. 

Para a colecistectomia, o setor privado apresentou uma taxa 58,7% maior que a do SUS: 312,38 contra 196,81 cirurgias por 100 mil habitantes. Ainda assim, o SUS foi responsável por 66% das intervenções. A maior disparidade foi registrada nas cirurgias de hérnias da parede abdominal: 401,41 procedimentos por 100 mil habitantes na rede privada - número 86,6% superior ao do SUS (215,07 por 100 mil).

O estudo também mostra que 70% dos cirurgiões atuam nos dois setores —público e privado. Outros 20% trabalham exclusivamente no setor privado, e 10% atuam apenas no SUS. Enquanto isso, 8% das cirurgias são canceladas por falta de equipe, principalmente de anestesistas. Os dados reforçam a necessidade de ampliar o acesso às cirurgias pelo SUS e apontam uma forte concentração de especialistas na rede privada de saúde, muitas vezes em instituições que não prestam atendimento ao SUS.

“O principal desafio dado pelo presidente Lula, que é a nossa maior obsessão hoje é o esforço de garantir assistência em tempo adequado para quem busca o atendimento médico especializado no nosso país”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reiterando que este é um grande desafio, sobretudo em decorrência do período da pandemia.

 “Tivemos, durante um período longo, serviços de saúde —de ambulatórios a hospitais—  todos eles absolutamente ocupados por casos relacionados à covid-19. Isso significou atraso em cirurgias e exames, não realização de exames de acompanhamento de pacientes com doenças crônicas”, disse. 

Segundo o ministro, este represamento gerou uma pressão no sistema público e deixou claro o quanto a rede privada tem uma capacidade maior hoje de dar conta desse desafio.

Os resultados da demografia médica são fundamentais para orientar estratégias de avanço na área da saúde e a ideia da pasta é aproveitar a capacidade instalada — muitas vezes ociosa — dos hospitais e ambulatórios privados. 
 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário