Brasil

Número de tabagistas em tratamento no SUS cai 66%, diz Inca

Isolamento social fez fumantes deixarem de procurar atendimento, sugere levantamento

Por Da Redação
Ás

Número de tabagistas em tratamento no SUS cai 66%, diz Inca

Foto: Divulgação/ONU

Dados do relatório Tratamento do Tabagismo no SUS durante a Pandemia de Covid-19, divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) nesta quarta-feira (25), mostram queda de 66%, em média, no número de tabagistas em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2020 na comparação com 2019.

O levantamento, divulgado em celebração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, foi baseado em dados coletados pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), coordenado pelo Inca, e verificou que o Sudeste foi a região onde houve maior diminuição seguido pelo Nordeste (66%), Centro-Oeste (63%), Sul (62%) e Norte (59%).

A epidemiologista Liz Almeida disse à Agência Brasil que vários fatores contribuíram para a retração, entre as quais as recomendações do Ministério da Saúde durante a pandemia para que as pessoas ficassem em casa e só saíssem em caso de necessidade. “Isso afetou, na realidade, todos os atendimentos e, em especial, os atendimentos ambulatoriais. Reduziu muito a procura e, do lado da oferta, houve um problema sério nas unidades, porque foi necessário afastar profissionais de saúde idosos, com comorbidades, gestantes, lactantes. Reduziu a força de trabalho. Teve gente que também adoeceu”, disse.

Segundo ela, o tratamento do tabagismo dura em torno de 12 meses e é feito por mais de um profissional de saúde. Prevendo o retorno do tratamento no âmbito do SUS, o Inca já está entrando em contato com os pacientes. Segundo Liz, entretanto, em função da variante Delta, a parte do tratamento que é feita em grupo terá de ser adiada, privilegiando o atendimento individual, o que aumenta a carga horária dos profissionais de saúde.

Apesar da queda significativa do número de tabagistas em atendimento nas unidades do SUS no ano passado, cerca de 68 mil tabagistas procuraram atendimento no início do ano passado, revela o relatório do Inca. A especialista afirma ainda que o tratamento completo oferecido pelo SUS é raro no mundo.

“A maior parte dos lugares cobra por esse tipo de atendimento. No SUS, a gente está conseguindo oferecer o tratamento completo, incluindo os medicamentos, que não têm um preço desprezível. É importante que o tabagista saiba disso”, afirmou. A médica disse ainda que as recaídas são normais e fazem parte de qualquer tratamento de dependência.

No Brasil, o tabagismo mata 162 mil pessoas por ano e tem custo anual de R$ 125 bilhões aos cofres públicos para cobrir despesas com doenças causadas pelo cigarro. Esse custo equivale a 23% do que o Brasil gastou, em 2020, com o enfrentamento à pandemia, informou o Inca, por meio de sua assessoria de imprensa.

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