'O Beijo no Asfalto' estreia segunda temporada neste fim de semana

Espetáculo retorna ao Teatro Faresi nos dias 8 e 22 de novembro, às 20h.

Por Glaucia Campos
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'O Beijo no Asfalto' estreia segunda temporada neste fim de semana

Foto: Divulgação

O espetáculo “O Beijo no Asfalto” estreia amanhã (8) sua segunda temporada em exibição no Teatro Faresi, às 20h, em Salvador, a segunda sessão ocorre no dia 22 deste mês. A peça remonta um texto clássico da dramaturgia nacional, de Nelson Rodrigues trazendo debates atuais e a proposta de participação do público, encarregado de escolher qual será o final. 

“O Beijo no Asfalto” conta a história de Arandir, que presencia o atropelamento de um homem. Ao se aproximar da vítima caída no asfalto, o homem faz um pedido inusitado para Arandir, pede que lhe dê um beijo na boca. Em um gesto de compaixão, o personagem atende ao desejo, o beijo é registrado em foto pelo repórter Amado e logo em seguida vira manchete em jornais. Os desdobramentos dessa notícia causam impactos inesperados na vida de Arandir, desencadeia uma trama de julgamentos morais, manipulação da mídia e conflitos íntimos, que faz o mundo do personagem desmoronar. 

A montagem é dirigida por Fábio Tavares e produzida pelo Centro Cultural Ensaio. O elenco é composto pelos atores Arthur Celis, Augusto Barbosa, Freitas Jr., Juliana Costa, Maria Braga, Muntaser Khalil, Natália Britto e Thales Moreira. 

O texto dos anos 1960, já foi adaptado para o cinema duas vezes, em 1981 e  2018, além de ter sido interpretado no teatro em incontáveis espetáculos. A obra consegue abordar temáticas que repercutem até os dias atuais e é justamente esse caráter atemporal que encantou o diretor do espetáculo. Fábio Tavares comentou ter um carinho muito grande pela obra de Nelson Rodrigues, em especial pela peça escolhida.

“É um autor que sempre me fascinou pela coragem de expor o que há de mais verdadeiro e muitas vezes de mais incômodo em nós. ‘O Beijo no Asfalto’ continua atual, porque fala sobre temas que ainda atravessam a sociedade brasileira, até politicamente. Nelson, expõe com muita coragem a hipocrisia social, o moralismo, a manipulação da opinião pública, a questão dos três poderes, esse poder destrutivo das aparências, elementos que infelizmente continuam muito presentes no nosso cotidiano”, falou. 

Muntaser Khalil, encarregado de dar vida ao personagem Arandir no palco, também vê essas potencialidades de discutir questões morais no texto. O ator já teve a experiência de interpretar o repórter Amado, em outra montagem do espetáculo e conta que ter vivenciado os dois lados da moeda deu uma perspectiva diferente para sua atuação.

“Amado Ribeiro e Arandir são basicamente antagonistas. Arandir vem com essa compaixão, com essa ética que ele tem e Amado com essa perspectiva da corrupção e do sensacionalismo mesmo para vender jornal. Para mim, foi bem complexo, porque em um primeiro momento eu fiz o personagem que destrói a vida do protagonista e agora eu estou fazendo Arandir que teve a vida destruída. Foi complexo para desenvolver isso ao mesmo tempo que eu compreendi melhor porque, querendo ou não, eu já tinha entendido talvez motivos de Amado Ribeiro ter agido dessa forma”, comentou.

A escolha é do público 

O final da peça fica a encargo da plateia que pode escolher entre três opções. O desejo da equipe é que o público não fosse apenas mero espectador, que pudesse experienciar os dilemas que afligem os personagens. 

“Essa ideia da interação surgiu da pluralidade da obra de Nelson Rodrigues. O Beijo no Asfalto é um texto cheio de camadas, de contradições humanas e de possibilidades de leitura. Essa abertura me inspirou a criar uma experiência em que o público fosse um participante ativo desse universo tão intenso. Eu queria que o público sentisse na pele mesmo a catarse que é lidar com uma obra tão provocadora, onde não há nunca verdades absolutas”, explicou Fábio. 

Com uma primeira temporada de sucesso, as expectativas para a nova são as melhores possíveis. Tanto o diretor quanto o elenco esperam que o público goste da novidade de poder escolher o final e se sintam parte da construção do espetáculo. “Depois da recepção tão calorosa que a gente teve na estreia, acredito que o espetáculo retorna ainda mais maduro, com o elenco ainda mais afinado e com novas camadas sendo descobertas a cada ensaio” acrescentou o diretor. 
 

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