"O idiota é quem trabalha com carteira assinada", declara presidente da FIEMG
Flávio Roscoe afirma que governo federal não incentiva formalização com Bolsa Família e outros programas

Foto: Clarissa Barçante/ALMG
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, disse que "o idiota é quem trabalha com carteira assinada", em entrevista a Folha de São Paulo sobre a avaliação do mandato de Lula. O chefe da entidade afirmou que existem chances de vitória para um candidato de direita nas próximas eleições por conta do atual governo ter se concentrado em medidas populistas em vez de atacar problemas estruturais.
Em uma rápida análise feita por Roscoe, há mais vantagens em ficar desempregado por vinte anos e ser dependente do Bolsa Família para aposentar-se aos 45 anos, do que trabalhar 20 anos com carteira assinada e se aposentar com a regra até aos 65 anos.
"Temos aí a sensação de pleno emprego, mas as empresas não encontram pessoas para trabalhar. O trabalhador tem a opção de ficar em programa social fazendo bico. Porque ele sabe fazer conta. O brasileiro não é idiota. Ele pensa: "vou ganhar mil e poucos reais do governo, não vou ter vínculo [de trabalho] com ninguém e faço diárias de R$ 200", analisou.
Com isso, o presidente cita a frase polêmica e compara os programas de incentivos brasileiros com o da França.
"O idiota é quem trabalha com carteira assinada, porque ganha R$ 2 mil, paga imposto, e ainda vai se aposentar com a regra até os 65 anos. O cara que está há 20 anos no programa social se aposenta aos 45 anos. Quem trabalha 20 anos, não se aposenta. Ora, está tudo errado. Na França, que tem programas sociais fortes, se um desocupado inscrito em banco de trabalho recebe três ofertas de emprego e nega, perde o benefício", apontou.
Ao ser questionado sobre as baixas taxas de desemprego registrada neste ano, Flávio Roscoe responde que os números refletem apenas na população ativa, ou seja, de quem está procurando oportunidades de trabalho:
"Esse dado é da perspectiva de quem está procurando emprego. Olhando a população economicamente ativa desocupada, [a taxa] é uma das maiores do mundo. Temos uma grande parte da população apta ao trabalho, mas dependurada em programas sociais, como o Bolsa Família, que não dialogam com o mercado de trabalho. O governo que, em tese, prega a formalização é o maior incentivador da precarização do trabalho", reforçou.