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Bahia

"O Iphan liberou verbalmente e depois voltou atrás", diz Aleixo Belov sobre mutilação de mastro histórico

Instituição exigiu corte para que mastro ficasse no museu

Por Da Redação
Ás

"O Iphan liberou verbalmente e depois voltou atrás", diz Aleixo Belov sobre mutilação de mastro histórico

Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

Ucraniano radicado na Bahia, o velejador, engenheiro e escritor, Aleixo Belov, viveu recentemente um grande dilema. O navegador que já deu cinco voltas ao mundo com o seu barco “Três Marias”, que foi totalmente feito por ele, agora está construindo, com investimentos próprios, um museu para expor as peças e conhecimentos adquiridos durante as viagens, chamado de “Museu do Mar”. O museu vai funcionar em um casarão, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador.

Em junho, o barco “Três Marias” foi colocado no casarão. A embarcação pesa 7,5 toneladas e foi alocada através de uma abertura feita no telhado. O grande detalhe da história é que o mastro do barco teve que ser cortado para fazer parte do acervo. 

De acordo com Aleixo Belov, “o mastro resistiu a todas as tempestades durante as três longas viagens de volta ao mundo, mas não resistiu à caneta do Iphan". O navegador afirma que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou verbalmente uma claraboia para o mastro passar além do telhado, depois negaram por escrito, por meio de um parecer técnico.

Aleixo Belov ainda enviou, em outubro deste ano, ao Superintendente do órgão, Bruno Tavares, um documento solicitando uma revisão do parecer. Ele não recebeu nenhuma resposta até o momento. 

“Somando o tempo de projeto e obra, já estávamos esperando por mais de um ano a liberação para passar com o mastro do Três Marias pelo telhado do museu. O Iphan liberou verbalmente e depois negou por escrito. Por isso, fui forçado a mutilar o mastro que sobreviveu a todos os temporais em todos os oceanos, e veio a sucumbir à caneta da equipe de Bruno Tavares. Isso é um crime”, frisou Aleixo Belov.

O navegador informou que os três metros cortados do mastro ficarão expostos em um bar que está será construído no local, já batizado de "Mastro Cortado".

O fato do IPHAN demonstrar falta de sensibilidade e praticamente obrigar Aleixo Belov a destruir uma parte da história de sua vida dedicada ao mar, representada no Museu pelas Três Marias, tem trazido revolta nas redes sociais e na sociedade baiana. Varias entidades tem demonstrado apoio ao navegador que transformou a navegação em arte e ofertou à cidade um Museu onde o mar, um dos símbolos da Bahia representado pela Baia de Todos os Santos, está sendo exaltado. Belov faz parte do grupo que espera que os governos - municipal, estadual e federal - reconheçam a importância da Amazônia Azul para o crescimento financeiro, turístico e cultural do Estado e que este reconhecimento possa motivar as próximas gerações a cuidar melhor do maior patrimônio natural da Bahia que é a Baia de Todos os Santos.

Resposta do Iphan

O Farol da Bahia entrou em contato com a assessoria de imprensa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que emitiu uma nota, informando que no ano de 2019, o órgão recebeu a solicitação de autorização para a implantação do museu no imóvel localizado na rua Direita de Santo Antônio, nº 129, no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, Salvador (BA).

“O projeto propôs a implantação do “Museu do Mar”, estando já naquele momento prevista a implantação da embarcação no interior do edifício. O prédio já não possuía as paredes internas na época da apresentação do projeto. Por isso, e pelo fato de o projeto manter preservadas as fachadas e a volumetria do bem protegido, a proposta foi aprovada”, diz a nota.

De acordo com a nota enviada, “já iniciadas as obras, os responsáveis propuseram uma modificação, com abertura no telhado e implantação de uma espécie de cúpula de vidro para que o mastro da embarcação não fosse seccionado, uma vez que este ultrapassava em cerca de três metros a altura do telhado. Em reuniões na superintendência do Iphan-BA, recomendou-se a promoção de estudos que minimizassem o impacto visual que a intervenção causaria, na tentativa de se encontrar alternativas viáveis para aprovação. No entanto, ao final da revisão do projeto, o resultado da alteração volumétrica no edifício se mostrou extremamente prejudicial ao imóvel e ao conjunto, não sendo aprovada a alteração volumétrica”.

O órgão salientou que, “em conformidade com as diretrizes estabelecidas na Portaria Iphan nº 420/2010, que regulamenta a aprovação de projetos em áreas tombadas e suas respectivas áreas de entorno, não existe possibilidade de aprovação verbal de quaisquer projetos, sendo necessário o pleno atendimento ao rito administrativo proposto”.

A nota diz ainda que “quando se trata de intervenções em áreas tombadas, não é o imóvel que deve se adequar à intervenção, mas o contrário, sob pena de afronta ao artigo 17 do Decreto-Lei nº 25, de 1937, que prevê que “As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas”.
 

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