O que esperar para o setor de eventos pós Covid-19
Por Giordana Madeira Diretora executiva do Febratex Group, de Portugal
Foto: Giordana Madeira
Um dos setores mais afetados pela crise econômica e social provocada pela pandemia, a paralisação dos eventos e feiras de negócios tem gerado consequências negativas para uma enorme cadeia de serviços. Certamente temos que considerar as mais de 1 milhão de vidas perdidas em todo o mundo e o sofrimento dos seus entes queridos. Porém, estamos sem realizar eventos profissionais há mais de dez meses e as estatísticas diárias dos números de infectados e de mortes não decrescem. Ou seja, o vírus se propaga e vai continuar se propagando com ou sem encontros físicos de negócios.
Perde o setor para o qual o evento é realizado - pois dos eventos nascem negócios - e perde ainda mais a cadeia de valor de toda a indústria de serviços relacionada. Com toda a responsabilidade e competência, é hora de mudarmos este cenário de incerteza. Precisamos defender nossa capacidade de organização de um evento seguro e com visitação qualificada, que garantirá o sucesso e retorno do investimento aos expositores. Shoppings e supermercados seguem abertos, por que os eventos estão sendo transferidos? Por que as promotoras aceitam a proibição? Quem é profissional e conhece o valor do seu produto não pode se apequenar.
Neste período desafiador, conseguimos ressignificar nossa função, com criatividade e inovação. A valorização dos produtos locais, desenvolvimento de tecnologias, como os tecidos antivirais, foco na sustentabilidade são alguns exemplos que sugiram na indústria têxtil e de moda. Na área de eventos, vemos como uma tendência os eventos regionalizados, que não dependem de malha aérea, locação de automóveis, entre outros serviços. A Febratex, por exemplo, abrange sobretudo o Polo Têxtil de Blumenau e Vale do Itajaí, localizado em Santa Catarina, que concentra mais de 3 mil indústrias e emprega 112 mil trabalhadores formais. Tudo isso num raio de 200 km de onde é organizada a feira, fortalecendo o turismo regional de negócios.
O modelo híbrido de evento é outra tendência a ser observada, aliando a presença física com o alcance do virtual. Porém, o presencial ainda é fundamental, pela experiência completa que proporciona. As pessoas ainda precisam ver as máquinas em funcionamento, compará-las, tocar nos produtos, negociar com os expositores. Somos seres sociais e precisamos dos encontros físicos para viver melhor e, na negociação comercial, o vínculo pessoal que se cria através do presencial traz muito mais satisfação e confiança para as partes.
Eventos fortes contribuem para a recuperação da economia, criam oportunidades de negócios, transformam visitantes em empreendedores. É de reforço estratégico que a economia precisa e os eventos de negócios cumprem este papel com maestria. Esperamos que 2021 comece com mais segurança e a certeza de que nosso setor irá voltar à posição de protagonismo que merece.