• Home/
  • Notícias/
  • Bahia/
  • OAB investiga conduta de influenciador João Neto preso por suspeita de violência doméstica; advogado pode perder registro profissional

OAB investiga conduta de influenciador João Neto preso por suspeita de violência doméstica; advogado pode perder registro profissional

Criminalista nega acusações; vídeos de câmeras de segurança mostram as agressões

Por Da Redação
Ás

OAB investiga conduta de influenciador João Neto preso por suspeita de violência doméstica; advogado pode perder registro profissional

Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou, na quarta-feira (16), que investiga a conduta do influenciador digital baiano João Neto, preso por suspeita de violência doméstica contra a companheira

Em nota, a seção baiana da OAB detalhou que se juntou à de Alagoas na apuração dos fatos. Segundo a entidade, caso sejam confirmadas as denúncias, o advogado criminalista pode perder o registro profissional. 

A agressão aconteceu no apartamento onde os dois moravam, em Maceió (AL), e foi filmada por câmeras de segurança. João Neto nega as acusações.

Advogado João Neto, conhecido por dar dicas jurídicas nas redes sociais, é preso por suspeita de violência doméstica
Preso por suspeita de violência doméstica, advogado João Neto defendeu em entrevista "motivo para homem bater em mulher"
Mulher diz que se feriu ao ser tirada à força de cama e empurrada por influencer João Neto

As imagens mostram o momento em que a vítima sai do apartamento com o queixo ensanguentado, e João Neto a segue com um pano para estancar o sangramento. Moradores do edifício relataram ter ouvido gritos e sons de agressão, e acionaram a polícia.

Um vídeo publicado pela defesa de João Neto mostra ele empurrando a companheira, que tenta se segurar em uma porta enquanto ele a puxa. Num dos puxões, ele solta o braço que ela apoiava na parede e ambos caem no chão em seguida. A mulher parece bater o rosto no piso. Ela fica caída por alguns segundos, mas o advogado a levanta e a leva para outro cômodo.

A defesa feita pelos advogados Minghan Chen Lima Pedroza, Cícero Fernandes Mota Pedrosa e Vinicius Costa Guido Santos reiterou que a queda se deu no momento em que João Neto tentava retirar a companheira do apartamento após insistir por bastante tempo para que ela saísse.

João Neto acumula 2 milhões de seguidores nas redes sociais. Além de advogado criminalista, ele se apresenta como mestre em ciências criminais e é conhecido por postas vídeos dando dicas jurídicas em tom de humor. 

Nas últimas eleições, em 2024, o baiano atuou como advogado do candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). 

Leia a nota da OAB na íntegra:

"A OAB Bahia e seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED) informam que, muito embora não comentem procedimentos disciplinares em curso, em razão do sigilo que legalmente recai sobre tais processos, à luz dos fatos de amplo conhecimento público ocorridos na última segunda-feira , estabeleceram contato com a OAB Alagoas e se Tribunal de Ética e Disciplina, com o objetivo de obter informações formais sobre o ocorrido.

A partir desse diálogo institucional, o TED da OAB-BA buscará estabelecer uma conduta coordenada com o TED da OAB-AL, visando à apuração rigorosa dos fatos, com absoluto respeito ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório, conforme garantido pela Constituição Federal.

A OAB Bahia e seu Tribunal de Ética reiteram o mais veemente repúdio a toda e qualquer forma de violência praticada contra mulheres. Ademais, quando tais condutas são atribuídas a advogados ou advogadas, podem ensejar a apuração de inidoneidade moral e, se confirmadas, a exclusão dos quadros da Ordem, nos termos da Súmula 09/2019/COP do Conselho Federal da OAB.

Ao reforçar seu compromisso com a ética, a dignidade da advocacia e os direitos fundamentais da pessoa humana, a OAB-BA e seu TED reafirmam o princípio de que a ética valoriza a advocacia e é instrumento essencial para a proteção da sociedade e do prestígio da classe".

Versão da vítima

A mulher afirmou à Polícia Civil que sofreu ferimentos no queixo após ser retirada à força da cama e empurrada por ele. Segundo ela, a queda ocorreu enquanto João Neto tentava expulsá-la do apartamento após uma briga.

A vítima, que tem 25 anos, disse que ambos estavam assistindo televisão e ela foi para o quarto descansar, momento em que a discussão começou. João Neto, segundo ela, disse: "Porra, eu aqui me fodendo e você não faz nada".

Ainda segundo o depoimento dela, João teria dito aos funcionários que trabalhavam na reforma do apartamento que eles "estavam de prova". Em seguida, o advogado teria começado a empurrá-la para fora da unidade, e os dois caíram no chão.

A mulher ainda afirmou que já havia sido agredida por João Neto em outras ocasiões. Ela citou um incidente em outubro de 2024, no qual teria sido empurrada, batendo a cabeça na cama, além de ter sido segurada pelo pescoço. Ela foi atendida em um hospital de Maceió.

No questionário sobre as agressões, a vítima marcou que já havia sido ameaçada com arma de fogo e sido vítima de enforcamento, chute e empurrão. A mulher também marcou que se considerava dependente financeiramente dele e relatou que João Neto demonstraria ciúme excessivo e tentativas de controlar a vida dela.

Defesa de motivo para agressão

Em entrevista a um podcast, nove dias antes da prisão, José Neto defendeu a existência de um “motivo para homem bater na mulher”.

"Só tem um motivo para um homem bater numa mulher. Claro que tem: se ela lhe bater. Quem não quer apanhar, não bate. Se a mulher sabe que não aguenta com você, ela vai dar uma tapa na sua cara para quê? Se ela dá um tapa na sua cara, ela está querendo levar outro. É bateu levou", afirmou enquanto arrancava risadas do apresentador.

O baiano foi preso na segunda-feira (14), em Maceió. Na terça (15), a prisão foi convertida em preventiva. 

Expulso da PM e confissão de assassinato

Em uma outra entrevista, João Neto afirmou que foi expulso da Polícia Militar da Bahia por assediar a esposa de um coronel, além de ter confessado que já executou um adolescente.

Em maio de 2024, o advogado disse a um podcast de Salvador que a saída dele da PM ocorreu por chamar uma mulher de “gostosa” durante uma discussão de trânsito.

“Fui expulso porque eu discuti com a mulher no trânsito e chamei ela de gostosa. Era mulher do coronel. Eu discuti com ela no trânsito, parei para abastecer, e ela me seguiu. E eu falei que prenderia ela”, disse.

Poucos minutos depois, João Neto admitiu ter matado duas pessoas, um deles menor de idade e com cinco tiros. “Matei mais dois que tocaram fogo em meu estabelecimento. (...) Matei um garotão de 16 anos, matei na frente de todo mundo, dei cinco tiros nele. Atirou na cabeça do meu funcionário, por azar dele estava no caixa e fui mais rápido”.

Veja vídeo da agressão: 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:[email protected]
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário