Obra pintada há 51 mil anos é descoberta na Indonésia
Descoberta pode ser a primeira pintura intencional humana conhecida
Foto: Griffith University/Reprodução
A cena mostra que algumas das figuras humanas da pintura parecem ter focinho e bico, o que seriam, na verdade, teriantropos — figuras que combinam traços animais e humanos, como os deuses egípcios posteriores. Para os pesquisadores, o fato de a arte retratar cenas reconhecíveis, ou seja, humanos e animais interagindo, demonstra que o artista tinha o objetivo contar uma história.
A descoberta arqueológica foi anunciada pelo mesmo grupo de cientistas, que em 2019 já havia encontrado uma pintura de uma cena de caça em outra caverna próxima, em Leang Bulu’ Sipong, então estimada em 44 mil anos.
Com o uso de tecnologias mais avançadas, no entanto, a equipe de pesquisadores da Universidade Griffith, na Austrália, que estuda as imagens desde 2017, aumentou a datação em pelo menos 4 mil anos. Além disso, os pesquisadores reanalisaram a pintura rupestre de Leang Bulu’ Sipong, demonstrando que esta obra também é cerca de quatro milênios mais antiga.
“Nossos resultados são surpreendentes e mostram que nenhuma das artes da Era Glacial europeia é tão antiga quanto esta, com exceção de algumas descobertas controversas na Espanha”, afirmou em nota Adhi Agus Oktaviana, arqueólogo que liderou a pesquisa, publicada na quarta-feira (3), na revista científica Nature.
As descobertas sugerem, portanto, que a narrativa foi uma parte crucial da cultura artística humana inicial na Indonésia desde tempos mais remotos. “Os humanos provavelmente contam histórias há muito há muito mais de 51.200 anos, mas como as palavras não fossilizam, só podemos seguir por proxies indiretos, como representações de cenas na arte”, explicou Oktaviana.