OEA cria grupo para proteger 11 ameaçados no Vale do Javari
Ação acontece após morte de Dom Phillips e Bruno Pereira
Foto: Ibama/Divulgação
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), criou uma Mesa de Trabalho Conjunta para garantir a segurança de 11 integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), entidade que reúne os povos e organizações indígenas do extremo oeste da Amazônia, na fronteira do Brasil com Peru e Colômbia .
Os membros da Univaja, segundo o CIDH, são ameaçados devido ao trabalho na proteção dos indígenas e por causa da busca por justiça no caso dos assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira. Os dois foram mortos na região, em 5 de junho de 2022.
As ações do órgão têm o objetivo de proteger oo líder da equipe de vigilância da Univaja, Beto Marubo, de outros membros da equipe — Cristóvão Pissango Negreiros, Manoel Barbosa da Silva, Valdir Estevão Marubo e Higson Dias Castelo Branco –, do procurador jurídico da entidade, Eliesio Vargas Marubo, da antropóloga Juliana Oliveira, da advogada Natália France Neves Carvalho, do indigenista Orlando Possuelo, do coordenador, Paulo Dollis, e do vice-coordenador, Varney Kanamary.
O grupo vai acompanhar o cumprimento de medidas cautelares e as ações do governo brasileiro em relação ao caso, elaborar um plano de ação com duração prevista de dois anos e estabelecer “medidas de não-repetição” do ocorrido.
A comissão da OEA listou algumas ameaças praticadas contra o grupo. Segundo o documento, Beto Marubo, por exemplo, ficou impedido de retornar à região por conta do risco à vida. Ele teria recebido informações de que pessoas desconhecidas, inclusive estrangeiras, estariam procurando por ele nas cidades de Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Tabatinga.
Em 19 de abril de 2022, Orlando Possuelo, Cristóvão Pissango e Valdir Estevão Marubo teriam sido ameaçados na praça de Atalaia do Norte enquanto comiam com suas famílias. Um dos ameaçadores tentou bater no rosto de Pissango. Eles avisaram que, caso os ativistas chamasses a polícia, “sofreriam”, pois sabiam onde ficavam suas residências. Disseram ainda que “semelhante ao que ocorrera com Maxciel Pereira dos Santos, dispararia com arma de fogo no rosto (“na cara”) de Cristóvão” — Maxciel era colaborador da Funai e foi assassinado em 2019.