OMS diz que 'países ricos' estão prejudicando aquisição de vacinas pelo Covax
O Covax também precisa de pelo menos 22,9 bilhões de dólares para financiar totalmente a meta deste ano
Foto: Thiago Gadelha/Sistema Verdes Mares
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanon, afirmou nesta segunda-feira (22) durante uma coletiva de imprensa, que o mecanismo internacional Covax enfrenta dificuldades em adquirir vacinas por causa dos contratos que países ricos estão fazendo com os fabricantes.
Sem citar o nome de nenhuma nação, Tedros disse que "alguns países de alta renda estão firmando contratos com fabricantes de vacinas contra a Covid-19 que prejudicam os negócios que a Covax tem em vigor e reduzem o número de doses que o mecanismo pode comprar".
Segundo o diretor-geral da entidade, além da competição em conseguir as doses, o Covax também precisa de pelo menos 22,9 bilhões de dólares para financiar totalmente a meta deste ano, que é "iniciar a vacinação de trabalhadores da saúde e idosos em todos os países dentro dos primeiros 100 dias de 2021".
O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, Tony Fauci, também participou da coletiva da OMS e demonstrou preocupação com distribuição desigual das vacinas contra a Covid-19 no mundo.
A vacinação desigual também foi tema de uma coletiva da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional da OMS, na semana passada. Na ocasião, a diretora da Opas, Carissa F. Etienne, disse que a cobertura vacinal nas Américas precisa ser muito alta, com mais de 700 milhões de imunizados, para região alcançar imunidade de rebanho contra a Covid-19. Em contrapartida, menos de 63 milhões já foram vacinados.
No final de janeiro, a OMS apresentou um estudo para convencer os países ricos a aderir à iniciativa Covax para vacinação em regiões pobres do mundo. Segundo o estudo, a falta de vacinação contra Covid-19 no mundo inteiro pode custar US$ 9,2 trilhões, e que cerca de metade disso iria ser um prejuízo das economias mais ricas.