ONU diz que plano de Trump sobre tomar a Faixa de Gaza equivaleria a uma 'limpeza étnica'
Grupos pró-palestinos se reuniram em protesto contra a proposta do presidente dos EUA
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O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, afirmou que o plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para realocar a população palestina de Gaza, equivaleria a uma "limpeza ética", e que se colocado em prática corre o risco de "tornar impossível um Estado palestino para sempre".
Além do secretário, grupos pró-palestinos se reuniram do lado de fora da Casa Branca para protestar contra a proposta do presidente. Trump lançou a ideia em uma coletiva de imprensa, logo após encontro com o premier de Israel, Benjamin Netanyahu.
Os protestantes gritaram frases como "Donald Trump pertence à prisão!" e "A Palestina não está à venda!". Os protestos se expandiram à capital Washington e chegaram a vários outros pontos do planeta. Autoridades árabes também reagiram ao plano de Trump.
O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita enfatizaram o apoio "firme e inabalável" ao estabelecimento de um Estado palestino.
"Arábia Saudita continuará seus esforços incansáveis para estabelecer um Estado palestino independente, com Jerusalém Oriental como sua capital, e não estabelecerá relações diplomáticas com Israel sem isso", afirmou o Ministério na rede social X.
Um diplomata árabe, disse à CNN, em anonimato, que os comentários de Trump colocarão em risco o frágil acordo de cessar-fogo em Gaza.
"É essencial reconhecer as profundas implicações que tais propostas têm sobre a vida e a dignidade do povo palestino, bem como no Oriente Médio em geral. A realidade é que 1,8 milhão de pessoas em Gaza resistiriam a tal iniciativa e se recusariam a sair", afirmou.
Os ministros das Relações Exteriores da própria Arábia Saudita, além de Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Catar, bem como o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), enviaram uma carta conjunta ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chamando a resolução do conflito palestino-israelense de "a chave para a paz regional" e que isso só pode acontecer através de uma solução de dois Estados.
Anúncio de Trump sobre Gaza
Após o encontro com o premier Benjamin Netanyahu, Trump falou com os repórteres na Casa Branca que "nós a possuiremos [Faixa de Gaza] e seremos responsáveis por desmantelar todas as perigosas bombas não detonadas e outras armas no local", disse ele.
Ele também acrescentou que os EUA irão "nivelar" edifícios destruídos no território palestino e "criar um desenvolvimento econômico que fornecerá um número ilimitado de empregos e moradias para as pessoas da área". Trump imagina uma propriedade "de longo prazo" dos EUA, após os palestinos serem transferidos para outro lugar.
"Todo mundo com quem falei adora a ideia de os Estados Unidos possuírem aquele pedaço de terra". Trump continuou dizendo que Gaza poderia se tornar "a Riviera do Oriente Médio", onde "as pessoas do mundo" poderiam viver lá, incluindo palestinos.
Trump disse que provavelmente anunciaria uma posição sobre a soberania israelense sobre a Cisjordânia no próximo mês. "Ainda não tomamos uma posição sobre isso", disse ele. Trump acrescentou que planeja visitar a Faixa de Gaza, Israel e Arábia Saudita.
Netanyahu descreveu Trump como "o maior amigo que Israel já teve na Casa Branca". O líder israelense disse que "temos que terminar o trabalho em Gaza" e disse que "Israel terminará a guerra vencendo a guerra".