ONU: Número de pessoas em favelas cresce no mundo, mas diminui no Brasil
Mundo conta hoje com mais de 1 bilhão de pessoas vivendo em favelas
Foto: Agência Brasil
De acordo com um levantamento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), com informações reunidas até 2018, o mundo conta hoje com mais de 1 bilhão de pessoas vivendo em favelas. Os dados publicados neste sábado (31), apontam que 803 milhões já viviam em favelas no ano 2000, segundo o com o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, a ONU-Habitat.
Já em 2016, pela primeira vez, o mundo atingiu a marca de 1 bilhão de pessoas em favelas. Nos dois anos seguintes, mais 30 milhões de pessoas passaram a viver nessas condições. Ainda segundo o levantamento, a grande responsável pelo aumento em números absolutos é a África, onde havia 131 milhões de favelados no começo do século, situação hoje de 237 milhões de pessoas no continente.
Os números revelam um avanço no caso brasileiro. Em 1990, 36,7% da população urbana vivia em favelas. A taxa cai para 26,9% em 2010 e para 15,2 % em 2018. Em termos absolutos, os números também revelam uma queda, apesar da expansão da população brasileira. Em 1990, 40 milhões viviam nessa situação, contra 27 milhões em 2018.De acordo com a ONU, uma parcela importante da população mundial simplesmente não tem como cumprir algumas das principais recomendações da OMS diante da pandemia de covid-19, como isolamento e higiene pessoal.
"As favelas representam uma das faces mais duradouras da pobreza, da desigualdade, da exclusão e da privação", alertou o informe. "Sob tais condições, o distanciamento físico, o auto-isolamento, a lavagem das mãos e níveis aceitáveis de higiene, que são medidas importantes contra a doença da covid-19, são praticamente impossíveis", disse.
Aumento da população que vive nas favelas
Segundo a ONU, se nada mudar, o número absoluto da população mundial que viverá em favelas vai crescer. "A análise empírica mostra que um aumento de 1% no crescimento da população urbana aumentará a incidência de favelas na África e na Ásia em 2,3% e 5,3% respectivamente", destacou a organização, alertando sobre urbanização feita sem planejamento.
O aumento da pobreza, agravamento do desemprego, municípios fracos e com poucos recursos, estruturas de governança deficientes e a ausência de políticas coerentes de planejamento urbano e habitação são elementos de uma "receita para a proliferação de favelas".