Opinião: Pontos corridos serão mantidos após paralisação, uma pena
'Modelo europeu' para Brasileirão deveria ser repensado

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O mundo como um todo segue abalado pela crise causada pelo novo coronavírus, e um dos públicos afetados pela temida pandemia é o dos amantes do futebol. Com estádios fechados, equipes sem treinar e raramente com notícias sobre os times de coração, uma dúvida paira sobre a cabeça dos torcedores: Como vai funcionar o calendário do futebol brasileiro quando a Covid-19 cessar?
É difícil identificar uma data exata para o retorno das atividades futebolísticas, mas já é possível fazer algumas simulações de como o calendário do futebol brasileiro pode prosseguir.
Primeiramente, já ficou decidido entre os clubes através de uma teleconferência, que os pontos corridos do Brasileirão terão continuação. A justificativa foi as questões técnicas e, principalmente, financeiras. Já que a permanência das 38 rodadas não alterará o contrato de televisão, principal fonte de renda para diversas equipes que disputam a competição nacional, além da situação também impedir uma reformulação no contrato com os patrocinadores.
Para os amantes do mata-mata como eu, uma pena os pontos corridos terem se sobressaído. Apesar de entender toda a questão financeira que as equipes necessitam, algumas mais do que outras, prefiro mais a emoção de poder ver uma equipe de menor investimento e torcida ter a oportunidade de chegar às finais da competição, a exemplo do que fez o São Caetano chegando duas vezes consecutivas na final do Brasileirão (2000 e 2001).
Eu, particularmente acho chato ter ano a ano que ligar a televisão e ver os mesmos times do eixo Rio-São Paulo-Minas levantando a taça, ao invés de presenciar um Goiás, Fortaleza ou Bahia na busca pelo caneco. No atual formato, alguém acredita que isso é possível tamanha a disparidade de investimento de um time para outro? As ligas alemãs, francesas e portuguesas são um exemplo claro de que o mais fraco sempre será desfavorecido e irá ser um mero coadjuvante na competição.
Já que falamos de Europa, até que cairia bem o 'modelo europeu' para as competições nacionais. Ou seja, as equipes jogariam os torneios uma parte esse ano e outra no ano que vem, mantendo o formato de pontos corridos. Modelo bastante exaltado por quem já disputou La Liga, Premier League, Bundesliga e tantos outros campeonatos internacionais.
Seria uma maneira até de preservar a forma física dos atletas e deixá-los mais preparados para inúmeras taças que serão disputadas ao longo do ano, tendo em vista que, há sempre uma competição atrás da outra, e em certos momentos, o desgaste influência o desempenho de alguns atletas. Apesar do técnico do Flamengo, Jorge Jesus ter razão quanto a achar equivocada a ideia de poupar atletas entre as competições. Principalmente se um time joga na quarta e depois só no domingo. É um período muito longo para recuperação e descanso, exagerado até dizer que o jogador não pode jogar, a menos que seja como método de prevenção para uma lesão ou ele tenha idade avançada e já não suporta a carga de um jovem promissor de 17 pra 18 anos.
A chamada 'europetização' do futebol brasileiro também cerca questões que não são possíveis de prever. Ninguém garante que na virada do ano as equipes seriam desmanchadas e os melhores jogadores contratados por times com mais dinheiro e estrutura. Os já tediosos estaduais finalmente seriam extintos para uma verdadeira reformulação no calendário do futebol brasileiro? Ainda é precoce afirmar, mesmo com a CBF ainda cogitando a manutenção. Os torcedores também terão que ser pacientes no retorno dos jogos das equipes.
Diante do grande período sem contato com a bola no campo e ritmo de jogo, a tendência é que vejamos partidas com nível técnico muito aquém que estamos acostumados. E daí? aposto que o torcedor de futebol quer é ver os 11 do time dele jogando, correndo e demonstrando raça para conquistar os três pontos, jogar bem ou mal deve estar na última colocação da tabela de classificação de prioridades no momento.