• Home/
  • Notícias/
  • Bahia/
  • Orixá não permite reabertura dos terreiros na Bahia em virtude da pandemia

Orixá não permite reabertura dos terreiros na Bahia em virtude da pandemia

Consulta foi feita por Mãe Ana do Opô Afonjá

Por Da Redação
Ás

Orixá não permite reabertura dos terreiros na Bahia em virtude da pandemia

Foto: Reprodução

 

Após autorização da Prefeitura de Salvador para o retorno das atividades em templos religiosos, muitos terreiros de candomblé optaram por permanecer fechados em virtude da pandemia provocada pelo novo coronavírus.As informações são do jornal Folha de São Paulo.

No Ilê Axé Opô Afonjá, fundado em 1910, a voz de Xangô (orixá da Justiça) prevaleceu entre os reais motivos. Mãe Ana, que comanda os trabalhos da casa, comunicou que não há possibilidade de retomada das atividades neste momento.

“Ela fez uma consulta direta através dos búzios e Xangô disse para não reabrir nada. Não é o momento ainda. Quando o aviso é do orixá não tem o que contestar. Tem que aceitar e pronto”, diz Ribamar Daniel, obá odofin (ministro de Xangô) e presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá.

“A gente lamenta que isso tenha acontecido, mas era o mais certo a se fazer. Nossos rituais continuam, mas apenas com as pessoas que moram no terreiro e com todos de máscara”, acrescentou Daniel.

O pedido de cautela feito por Xangô também se estendeu ao Ilê Axé Opô Aganju. Lá, a casa é regida por um homem. Do total de terreiros, 60% são comandados por mulheres.

O presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), Leonel Monteiro, explica que cada líder religioso é autônomo para decidir sobre a própria casa, não havendo uma decisão geral aplicada a todos. Segundo a entidade, há 1.738 terreiros cadastrados em Salvador (sendo 96% deles de candomblé e 4% de umbanda e caboclo).

Segundo a AFA, os terreiros devem permanecer fechados até uma revisão do protocolo de reabertura feito pela prefeitura. Na última sexta-feira (24), shoppings centers, comércios de rua e templos religiosos foram autorizados a reabrir, depois que o número de ocupação dos leitos das UTIs se manteve abaixo dos 75% por cinco dias seguidos.

“Nós fomos consultados pela secretaria municipal de Reparação para ajudar a elaborar esse documento, mas, quando foi publicado, percebemos que o texto não contemplava as especificidades das religiões de matriz africana. O protocolo fala em separação das cadeiras, não compartilhamento de materiais e estabelece horários de funcionamento. Essas medidas podem funcionar para igrejas católicas e neopentecostais, mas é completamente diferente da nossa forma de celebração”, diz Monteiro.

Diferente de outras religiões, durante a pandemia, os principais terreiros não fizeram cultos online ou transmissão das festas.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br

Faça seu comentário