Prouni: professores que atuarão no Brasil têm optado por graduação a distância através das bolsas

Futuros professores do Brasil estão recorrendo cada vez mais a bolsas de estudo para a formação a distância. Em oito anos, cresceu 53% o total de bolsas concedidas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) para calouros de cursos voltados à docência, como pedagogia e outras licenciaturas.

Esse índice é puxado principalmente pela educação à distância (EAD), opção de 67% dos calouros destas áreas, em 2018. Entretanto, a maior parte destes alunos (58,5%) está em cursos com baixo índice de avaliação.

Os dados fazem parte do relatório “Expansão do Prouni EAD na Formação Inicial do Docente”, feito pelo Movimento Todos pela Educação com dados do governo.

Apesar disso, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2018 mostram que "não houve queda na qualidade da educação nos cursos de Ensino a Distância". 

Na edição de 2018 do Enade, só 3,3% dos cursos de faculdades privadas conseguiram atingir o conceito máximo.

Considerando todos os 8.520 cursos, menos de 6% destes cursos tiveram conceito 5, percentual semelhante ao registrado nos cursos avaliados em 2017.

Em 2018, 16,2% dos bolsistas do Prouni eram de cursos voltados à formação de professores, o que representa 26,9 mil bolsas -- 53% a mais do que em 2010, quando eram 17,6 mil.

Já entre os financiados pelo Fies, 3,4% dos universitários que queriam se tornar professores recorreram a esta modalidade em 2018, ou 2 mil pessoas.

De 2010 a 2013, o financiamento via Fies vinha crescendo em relação ao Prouni, mas a partir desta data, os números mostram o crescimento maior entre as bolsas de estudo em detrimento dos financiamentos de mensalidades.

EAD para aqueles que querem ensinar

A formação a distância foi a opção de 67% dos bolsistas do Prouni em cursos voltados à docência, em 2018: havia 17.992 bolsistas na formação EAD contra 8.986 bolsistas do Prouni nos cursos presenciais. O índice era de 61% em 2017. Nos demais cursos, a EAD foi a opção de 25% dos bolsistas.

Baixo índice de avaliação

Dados do Todos pela Educação afirmam que mais da metade dos calouros com bolsas do Prouni voltadas à docência estão matriculados em cursos com baixo índice de avaliação.

A qualidade do ensino superior no país é medida pelo Conceito Preliminar de Curso (CPC), calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC. As notas vão de 1 a 5. Quanto melhor o curso, mais alta a nota.

Com isso, os dados mostram que 58,5% dos estudantes que ingressaram na carreira docente com bolsa do Prouni em 2018 se matricularam em um curso com nota igual ou inferior a 3. Na modalidade a distância, o índice é de 43,6%.

Expansão do EAD no ensino superior

O número de vagas ofertadas pelo ensino superior a distância superou em 2018, pela primeira vez, o número de oportunidades em cursos presenciais. No ano passado, foram 7.170.567 vagas remotas contra 6.358.534 vagas locais, respectivamente. O dado é do Censo do Ensino Superior, divulgado em setembro pelo MEC.

E apesar disso, a rede presencial ainda recebeu mais alunos novos, em 2018, que a rede a distância. Segundo o censo, foram 2.072.614 matrículas em vagas presenciais (28,9% do total ofertado), e 1.373.321 nas vagas à distância (21,5% do total ofertado).

Outros cursos

As bolsas do Prouni para calouros em outros cursos, que não são voltados à docência, teve aumento de 71% entre 2010 e 2018.