"Ou falseou a verdade na polícia, ou está falseando aqui", alerta Moraes à general Freire Gomes em depoimento sobre trama golpista
Ministro do STF apontou contradições na fala do ex-comandante do Exército na gestão de Jair Bolsonaro (PL)

Foto: Alan Santos/PR e Rosinei Coutinho/STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, alertou o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, durante o depoimento de testemunhas no julgamento sobre a trama golpista nesta segunda-feira (19). Moraes apontou contradições na fala do ex-comandante do Exército na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação ao que deu à Polícia Federal.
"Antes de responder, pense bem. A testemunha não pode deixar de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia. Não pode agora no STF dizer que não sabia... Ou o senhor falseou a verdade na polícia, ou está falseando aqui", adverte o ministro.
• Golpe de Estado: cinco testemunhas são ouvidas pelo STF nesta segunda (19); saiba quem são
Entenda o caso
Moraes apontou que o general depôs à PF que esteve em reunião em que Jair Bolsonaro falava em golpe de Estado no fim de 2022. Com isso, Freire Gomes relatou à polícia que o então comandante da Marinha, almirante Garnier Santos, tinha concordado com os planos golpistas.
Conforme registros da PF, Freire Gomes relatou, em março de 2024, que:
"o depoente [Freire Gomes] e o Brigadeiro Baptista Junior (Aeronáutica) afirmaram de forma contundente suas posições contrárias ao conteúdo exposto; que não teria suporte jurídico para tomar qualquer atitude; que, acredita, pelo que se recorda, que o Almirante Garnier teria se colocado à disposição do Presidente da República", escreveu a Polícia Federal.
Já no depoimento ao STF, o ex-comandante do Exército citou que não viu "conluio" por parte de Garnier.
"Eu estava focado na minha lealdade de ser franco ao presidente do que nós pensávamos. O brigadeiro também foi contrário a qualquer coisa naquele momento. E como fui muito enfático naquele momento, que eu me lembro, o ministro da defesa ficou calado, e o almirante garnier apenas demonstrou o respeito ao comandante chefe das forças armadas, não interpretei como qualquer tipo de conluio", disse o ex-comandante do Exército.
Com isso, o ministro reforçou ao general que, na condição de testemunha, Freire Gomes não pode apresentar versões contraditórias sobre os fatos e apontou sobre as consequências de mentir nas declarações.
No mesmo depoimento, o general afirmou sobre o alerta a Bolsonaro sobre os riscos da susposta tentativa do golpe de Estado e agir fora dos limites legais.
"A mídia até disse que eu dei voz de prisão ao presidente, e isso não aconteceu", declarou.
LEIA MAIS: 'Núcleo 3' da suposta tentativa de golpe deve ser julgado na terça-feira (20)