Pacientes com leishmaniose cutânea recorrente têm quadro mais brando do que infectados pela primeira vez, aponta estudo
Segundo o estudo, a razão para essa diferença pode ser a menor carga parasitária presente em pacientes recorrentes
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Um estudo da Fiocruz aponta que pacientes infectados pela leishmaniose cutânea pela segunda vez apresentam quadro da doença mais brando que as pessoas atingidas pela primeira vez. A leishmaniose cutânea é uma doença infecciosa causada por espécies de Leishmania e que afeta a pele e as mucosas.
Apesar de apresentarem maior duração da doença, as pessoas que se curaram e se infectaram novamente apresentam menos lesões, menor número de parasitas e maior rigidez da lesão em comparação aos pacientes com a leishmaniose cutânea primária. O trabalho foi coordenado pelo pesquisador Edgar Carvalho, da Fiocruz Bahia, e publicado no periódico Open Forum Infectious Diseases.
Segundo o estudo, a razão para essa diferença pode ser a menor carga parasitária presente em pacientes recorrentes. Clinicamente, as lesões dos casos recorrentes eram mais superficiais, com bordas menos infiltradas e de menor tamanho.
Os resultados indicam que os pacientes com leishmaniose cutânea recorrente têm melhor capacidade de controlar a replicação do parasita, sugerindo que eles desenvolvem uma resposta imune aos antígenos do L. braziliensis que podem inibir a replicação do parasita, resultando em uma doença mais branda e na melhor resposta à terapia.
Segundo a Fiocruz, os dados apresentados no trabalho abrem a possibilidade de realizar mais estudos para explicitar os fatores de risco para pessoas desenvolverem leishmaniose cutânea recorrente, incluindo diferenças nas cepas de L. braziliensis, bem como as diferenças na resposta imune local e sistêmica em pacientes com leishmaniose cutânea recorrente.
O estudo foi realizado com pacientes atendidos em posto de saúde no município de Tancredo Neves, na Bahia, área endêmica de leishmaniose cutânea. Participaram da análise 61 pessoas, sendo 41 com leishmaniose cutânea primária e 20 com a recorrente, diagnosticados entre 2020 e 2021.
Os pacientes foram tratados com antimoniato de meglumina ou com Anfotericina B convencional. A cura clínica foi definida como cicatrização completa da lesão com recuperação da pele na ausência de bordas elevadas, 90 dias após início do tratamento. Já a falha foi definida pela presença de úlcera ativa ou cicatrização da lesão, mas com bordas elevadas.