Pandemia pode acabar com União Europeia, dizem líderes europeus

A pandemia agravou os problemas da União Europeia (UE) e alguns líderes já temem que o coronavírus possa acabar com o bloco. A coesão da UE já havia sido abalada pela crise financeira de 2008, pelo fluxo migratório descontrolado, que permanece desde 2015, e pelo Brexit. Agora a nova preocupação é o novo coronavírus, que provocou atritos entre os países. 

Se os líderes não chegarem a um pensamento comum, o projeto europeu pode estar em risco, como disse um dos arquitetos nesta semana. 

Primeiro, o fechamento de fronteiras foi realizado de maneira descoordenada. Depois, Alemanha e França proibiram a exportação de equipamentos médicos, como máscaras e respiradores, mesmo quando a Itália mais precisava de ajuda. No vácuo, surgiram Rússia e China para capitalizar a situação. Moscou e Pequim rapidamente ofereceram assistência médica, construindo uma narrativa heroica e dando argumentos aos eurocéticos. 

A ocasião que deu ponto de partida para os atritos foi durante uma videoconferência em que nove países, incluindo Itália e Espanha, pediram apoio financeiro. O ministro holandês das Finanças, Wopke Hoekstra, respondeu com um pedido para Bruxelas investigar porque alguns governos não dispunham de recursos financeiros para combater sozinhos a pandemia. 

O comentário foi mal visto e causou uma tempestade, uma vez que, para os críticos, soou como se os holandeses estivessem transformando uma crise de saúde, em uma lição de moral fiscal. “O comentário foi repugnante”, afirmou o primeiro-ministro português, António Costa. “Ou a UE faz o que precisa ser feito ou será o seu fim.”