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Pastor que associou orixás à violência, em música, diz que 'não tem nada contra eles'

Caso foi registrado em delegacia e, além da polícia, Ministério Público da Bahia também analisa denúncia

Por Da Redação
Ás

Pastor que associou orixás à violência, em música, diz que 'não tem nada contra eles'

Foto: Reprodução/TV Bahia

Após compor e divulgar uma música que associa orixás à violência nas periferias, o pastor evangélico Irmão Júlio, responsável pela canção, gravou um vídeo afirmando que "não tem nada contra" os povos de matrizes africanas. O caso foi registrado em delegacia, que investiga o crime de racismo religioso.

Depois da repercussão negativa e do Ministério Público da Bahia (MP-BA) receber a denúncia do crime, o pastor Irmão Júlio apagou a publicação. Na gravação, o religioso não pede desculpas à comunidade religiosa, e alega que a ofensa não foi intencional. Diferentemente do clipe, essa gravação não foi pública na internet.

“Eu sou o compositor, eu produzi o clipe, e assumo toda a responsabilidade. Quero deixar bem claro ao pessoal de matriz africana, que eu não tenho nada contra eles e, jamais, a minha intenção foi de atingir o pessoal de matriz africana”, diz ele no vídeo.

O responsável pela apresentação do caso na delegacia foi o babalorixá Uilliam de Oxalá, presidente da Associação  Vox do Candomblé. Segundo Uilliam o vídeo do pastor são "desculpas esfarrapadas"

Investigação

A denúncia analisada ao MP-BA foi feita pela Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA). Segundo a instituição, o clipe passa a mensagem de que as religiões de matriz africana são responsáveis pela violência generalizada e mortandade nas periferias das cidades.

Confira alguns dos trechos da música cantada por pastor Irmão Júlio:

"Eu profetizo que a Bahia é de Jesus. Não tem Maria Padilha e nem Exu nenhum, meu Jesus manda lá na ilha e também no Costa Azul. Não tem Sete Facadas e nem Orixás, Deus manda na Timbalada e também no Ogunjá"; "Não tem Iemanjá, Deus manda em Bom Juá e na Saramandaia. Não tem Exumaré e nem Exum Caveira, Deus manda em São Tomé e também na Engomadeira";
"Para trás da cruz, eu profetizo que a Bahia é de Jesus".

"Nós vemos como uma temeridade esse clipe, que incentiva, de maneira irresponsável, um ódio contra as pessoas que são de religiões de matriz africana. Queremos que essas pessoas sejam responsabilizadas e que o Ministério Público tome as providências cabíveis para que esse conteúdo seja retirado do ar", pediu Leonel Monteiro, que é representante da AFA e ogã de Ossaim.

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