PCC e CV: entenda por que trégua entre facções durou menos de dois meses
O Acordo, anunciado em 25 de fevereiro, teve efeitos desiguais no país

Foto: Agência Brasil/Tomaz Silva
A tentativa de trégua entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) terminou em menos de dois meses, sobretudo por disputas locais que inviabilizaram o cessar-fogo nas ruas. O impasse, no entanto, já era previsto por lideranças da facção paulista.
Em janeiro, Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal — integrante da cúpula do PCC — afirmou, ao ser informado da proposta, que apoiava as tratativas, mas via obstáculos.
“Sabemos o quanto isso é complexo no contexto geral, porque temos que respeitar as regionalidades e a opinião de todos”, disse no parlatório da Penitenciária Federal de Brasília, segundo relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), obtido por O Globo.
As “regionalidades” citadas por Funchal se confirmaram como o principal entrave. A trégua, anunciada em 25 de fevereiro, teve efeitos desiguais no país. Enquanto Acre e Mato Grosso do Sul registraram reflexos positivos, estados como Bahia, Mato Grosso e Ceará mantiveram os confrontos.
Ao contrário do anúncio conjunto da trégua, os comunicados que decretam o fim do pacto foram divulgados separadamente.
O PCC alegou que o acordo visava conter homicídios, por prejudicarem os negócios, mas foi rompido por “questões que ferem a ética do crime”. O CV, por sua vez, declarou não manter “mais qualquer aliança ou compromisso” com o grupo rival e alertou que mortes de inocentes seguem proibidas, citando assassinatos recentes de jovens que fizeram gestos com as mãos atribuídos às facções.