Peça conta a história da primeira travesti assumida da Bahia
Aos detalhes...
Foto: Divulgação
Floripes era pobre, negro e homossexual. Marcou a vida de Salvador dos anos 60 aos 80 e é considerada a primeira travesti assumida da capital baiana. Transitava pela Baixa dos Sapateiros, Rua Chile, Barroquinha, Ladeira da Montanha, Feira de São Joaquim, nas missas das grandes igrejas e terreiros de candomblé da cidade. Era conhecida como “a alegria da cidade”.
Floripes é uma das “lendas urbanas” personagens do espetáculo “A Mulher de Roxo e Outras Histórias da Bahia”, em cartaz nos dias 2 e 9 de abril (sábados), no do Espaço Cultural Casa 14, no Pelourinho, às 19h30. A peça, escrita e dirigida pelo professor, psicólogo e diretor de teatro Adson Brito do Velho, coloca em cena a história da Bahia contada a partir das personalidades que marcaram e marcam época, se transformando em verdadeiras lendas urbanas de Salvador.
O espetáculo tem ainda como personagens a Mulher de Roxo, Irmã Dulce, Clarindo Silva, Amilton, o tratorista e João Estanislau da Silva Lisboa. O propósito é despertar e um novo olhar de pertencimento, pela nossa rica historiografia baiana”, como afirma o criador Adson Brito do Velho.
Saiba mais sobre os personagens :
A Mulher de Roxo
Uma das mais conhecidas e intrigantes lendas urbanas da cidade de Salvador, a Mulher de Roxo andava pela Rua Chile, centro comercial de Salvador, ficando quase sempre na porta da antiga Loja Sloper, pedindo dinheiro aos transeuntes. Vestida de roxo, lembrando o hábito de uma freira, com um crucifixo pendurado no pescoço, se sabe que que nasceu em Salvador, no ano de 1917 e morreu em 1997, aos 80 anos, sendo sepultada como indigente. Na peça a Mulher de Roxo é interpretada pela atriz Rowena Ferri.
Floripes, a primeira travesti assumida de Salvador
Benedito Mato entrou para a história da cidade como Floripes, considerada como a primeira travesti assumida de Salvador. Enfrentou toda uma sociedade machista nas décadas de 60, 70 e 80 do século XX, lutando e resistindo, para ocupar os espaços de visibilidade social. Quando passava pelo centro da cidade, Floripes literalmente parava o trânsito, e aos transeuntes faziam uma verdadeira festa, hoje, uma lacração. Alguns gritavam, “Floripes, viado!!!”, mas ela não ligava e saia rebolando e sempre dizia, “só se vê, na Bahia!!!”. Floripes é interpretada pelo ator e modelo Regis Spiner.
Amilton, o tratorista
A peça conta também a comovente história de Amilton dos Santos, o tratorista que, em um ato de coragem, humanidade e justiça social, desafiou a Justiça, recusando-se a derrubar casas na Palestina, bairro periférico de Salvador. O fato ocorreu em 2 de maio de 2003, ganhando visibilidade nacional . A história, que até hoje emociona os brasileiros, foi tema do primeiro capítulo na novela global, “América”, de Glória Perez. Amilton, o tratorista, é interpretado pelo ator Admilson Vieira.
Clarindo Silva
Grande nome na defesa da preservação do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, Clarindo Silva, é conhecido por sua gentileza e generosidade, também é conhecido como o Rei do Pelourinho, O Dom Quixote Baiano, o Príncipe Negro do Pelô, dentre outros títulos. Escreveu durante muitos anos para os jornais A Tarde, Jornal da Bahia e Tribuna da Bahia. Está a frente há mais de 50 anos da tradicional Cantina da Lua, um centro de resistência da nossa cidade, e a partir daí, ganhou o título de Doutor Honoris Causa, pela Université Libre des Sciences de L’Homme de Paris. Clarindo Silva é interpretado pelo ator Admilson Vieira.
João Estanislau da Silva Lisboa
O crime da “bala de ouro”, ocorrido em 1847, nos dias de hoje, seria classificado como feminicídio. O fato envolveu a jovem Júlia Fetal e o professor João Estanislau, que dominado pelo ciúmes, não aceitando o término do noivado, mandou confeccionar, com as alianças do próprio noivado, uma bala de “ouro”, matando a jovem de 22 anos. João Estanislau é interpretado pelo ator Alexandro Beltrão.
Irmã Dulce
As cenas narram passagens da vida do “Anjo Bom da Bahia”, que após a comprovação de dois milagres, foi canonizada e pelo Vaticano, como Santa Dulce dos Pobres. Em uma das passagens da santa baiana, é retratado o milagre e cura de João Maurício que voltou a enxergar, depois de 14 anos completamente cego, após uma oração fervorosa para Irmã Dulce. A peça mostra a trajetória de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, que desde jovem decidiu acolher e dedicar-se a cuidar de moradores, que viviam em situação de vulnerabilidade social (crianças, idosos, doentes...).Irmã Dulce é interpretada pela atriz e professora Sofia Bonfim. Serviço
“A Mulher de Roxo e Outras Histórias da Bahia”
Datas: 2 e 9 de abril (sábados)
Horário: 19h30
Local Espaço Cultural Casa 14 - Rua Frei Vicente, 14, Pelourinho
Ingressos: 30,00 (inteira) e 15,00 (meia/estudantes, idosos e professores). Vendas no local, nos dias das apresentações, reservas pelo (71) 98631 3242 ou pelo Sympla.
Indicação: Livre