Pedro Lucas diz que vai ouvir bancada do União Brasil antes de decidir sobre ministério
Pedro Lucas diz que recebeu com respeito e senso de responsabilidade o convite do presidente da República

Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
O líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas Fernandes (MA), afirmou nesta sexta-feira (11) que irá discutir com a bancada de seu partido se aceitará ou não entrar no governo Lula (PT), um dia após a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) anunciar que o parlamentar seria o novo ministro das Comunicações do governo.
Em nota divulgada nas redes sociais, Pedro Lucas diz que recebeu com respeito e senso de responsabilidade o convite do presidente da República e que "qualquer definição será construída coletivamente".
"Não tomarei nenhuma decisão sem antes ouvir os deputados e deputadas que confiam no meu trabalho e com quem compartilho, diariamente, a construção de uma agenda em defesa do país", escreveu o deputado.
Na quinta-feira (10), Gleisi anunciou o nome de Pedro Lucas no ministério após uma reunião com o presidente Lula, o ministro Rui Costa (Casa Civil), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o ex-ministro Juscelino Filho (União Brasil-MA) e o próprio parlamentar no Palácio da Alvorada.
Juscelino deixou o governo na terça (8), após ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), sob acusação de corrupção passiva e de outros crimes relacionados a suposto desvio de emendas.
Em fala à imprensa, Gleisi disse que o deputado pediu para assumir o ministério após o feriado da Páscoa para "encaminhar questões pessoais de mandato e em relação à liderança da bancada".
Parte da cúpula do partido e da bancada na Câmara tenta demover o líder de ingressar o governo para evitar um processo de sucessão na liderança que pode gerar mais ruídos internos na sigla que é marcada por divisões internas, com nomes mais oposicionistas e mais governistas.
Parlamentares dizem que Alcolumbre pressiona para emplacar Juscelino na liderança da Câmara. Deputados dizem, no entanto, que o ex-ministro não tem votos necessários para ser eleito líder, levantando dúvidas se Pedro Lucas deve deixar o posto.
O processo que levou o deputado ao cargo de líder se arrastou por três meses diante da falta de consenso em torno de seu nome. Agora, já são discutidas nos bastidores candidaturas de nomes como Mendonça Filho (PE), Damião Feliciano (PB) e Moses Rodrigues (CE).
Desses nomes, Mendonça Filho é da ala oposicionista e crítico ferrenho da gestão petista. Há uma avaliação entre nomes próximos de Pedro Lucas de que ele poderá ajudar mais o governo permanecendo na liderança, evitando, assim, a ascensão de um parlamentar de oposição ao posto.
Um aliado do deputado diz acreditar que a divulgação dessa nota foi a maneira encontrada por ele para buscar uma saída "menos traumática" para o impasse da liderança.
Ele afirma que enxerga nesse movimento uma tentativa de pressionar Alcolumbre de desistir do nome de Juscelino para o cargo. Ele diz que, sem Juscelino, é possível construir uma candidatura de consenso para a liderança da bancada, liberando Pedro Lucas para o ministério.
Além disso, esse aliado diz que o atual líder não deve assumir um ministério se ele não tiver respaldo de sua própria bancada. Nesse sentido, o parlamentar busca o apoio coletivo para evitar qualquer desgaste interno caso ele integre o governo.
Um auxiliar do presidente da República também diz enxergar nessa nota de Pedro Lucas um movimento para que ele consiga o apoio da bancada para ficar à frente do ministério. Ele minimiza que possa haver uma mudança na rota com ele optando por recuar de ingressar na Esplanada.
Na terça, em almoço na casa de Rueda, Alcolumbre telefonou ao presidente da República e disse que a indicação do União Brasil para substituir Juscelino seria Pedro Lucas. No dia seguinte, em fala a jornalistas em Honduras, Lula citou o nome do deputado como a primeira opção para o ministério, afirmando que se reuniria com o União Brasil para discutir a possível nomeação dele.
Pedro Lucas é da ala governista do União Brasil e foi presidente da Agência Executiva Metropolitana durante a gestão Flávio Dino no Governo do Maranhão. Em seu segundo mandato na Câmara, assumiu a liderança da legenda na Câmara neste ano. Ele é considerado o parlamentar mais próximo de Rueda.
Além das Comunicações, o União Brasil tem indicações nas pastas do Turismo e do Desenvolvimento Regional.