Pelo menos seis mulheres foram vítimas de feminicídio durante o período de Natal, no país
Entre março de 2016 e março de 2017, as principais motivações para morte de mulheres são o término do relacionamento, ciúmes e discussões
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Seis mulheres que viviam suas vidas de forma distintas, agora, unidas pela estatística de feminicídio no Brasil. Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos, moradora de Niteróim no Rio de Janeiro; Thalia Ferraz, 23 anos, de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina; Evelaine Aparecida Ricardo, 29 anos, de Campo Largo, no Paraná; Loni Priebe de Almeida, 74 anos, de Ibarama, no Rio Grande do Sul; Anna Paula Porfírio dos Santos, 45 anos, de Recife, em Pernambuco; e Aline Arns, 38 anos, de Forquilhinha, em Santa Catarina.
Viviane morreu na véspera de Natal, no dia 24, com 16 facadas desferidas pelo ex-marido na frente das três filhas pequenas. Thalia foi morta a tiros pelo ex-companheiro diante dos parentes, Evelaine não resistiu após ser baleada pelo namorado durante a ceia.
A quarta vítima é Loni, que recebeu um tiro na cabeça também pelo ex-companheiro, que logo depois de ter atirado na ex, cometeu suicídio. Loni chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
No dia de Natal, Anna Paula foi morta a tiros pelo marido dentro de casa, onde também estava a filha de 12 anos. A última vítima, Aline, foi baleada pelo ex-companheiro também no interior da residência por volta das 20h30.
Segundo a promotora de Justiça Valéria Scarance, Coordenadora do Núcleo de Gênero junto ao Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de São Paulo, avaliou que o período das festas de fim de ano é, culturalmente no Ocidente, uma época que provoca reflexão nos indivíduos, o que pode despertar frustrações em homens já violentos, que não conseguem manter autocontrole. "Período de festa, Natal e Ano Novo, é para nós no mundo ocidental um período de reflexão, de análise da vida, de rever as decisões, as frustrações; é um período muito simbólico. Então homens autores de violência não lidam bem com as suas frustrações, suas perdas, não aceitam que a mulher muitas vezes os contrarie ou mesmo coloque fim ao relacionamento. Nesses momentos, esses homens tendem a fazer também essa reavaliação. Se eles não lidam bem com as suas questões, seus sentimentos, se eles já são violentos e não conseguem racionalizar essa dor, eles podem, sim, intensificar essa violência, e isso pode levar à ocorrência de um feminicídio".
De acordo com uma pesquisa do MPSP, entre março de 2016 e março de 2017, as principais motivações para morte de mulheres são o término do relacionamento (45%), ciúmes (30%) e discussões (17%).
No Brasil, o feminicídio é definido como um homicídio em contexto de violência doméstica e familiar ou em decorrência do menosprezo ou discriminação à condição de mulher, normalmente praticado por alguém do convívio da vítima, dentro de casa ou em locais onde ela costuma estar.