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Pesquisa: 28% dos antibióticos receitados para crianças e adultos são desnecessários

Medicamento ajuda em muitos casos, mas em outros pode ser prejudicial

Por Da Redação
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Pesquisa: 28% dos antibióticos receitados para crianças e adultos são desnecessários

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Eliminar uma infecção com o antibiótico adequado pode parecer um ato mágico. A dor de garganta aguda melhora, a tosse diminui, a dor de ouvido desaparece. Um tratamento pode nos salvar da pneumonia e nos proteger durante uma cirurgia. A penicilina foi celebrada como uma das maiores descobertas da medicina.

No entanto, os antibióticos também podem ser tentadores. Sua função é matar ou inibir o crescimento de bactérias, mas frequentemente os utilizamos para tratar corizas e resfriados, que geralmente são causados por vírus. Estima-se que 28% dos antibióticos prescritos para crianças e adultos sejam desnecessários. Quando um vírus, como aqueles que causam a gripe ou a Covid, está causando sintomas, o antibiótico não apenas não ajuda, como também pode ser prejudicial.

Segundo o dr. Martin Blaser, autor do livro Missing Microbes e diretor do Centro de Biotecnologia Avançada e Medicina na Universidade Rutgers, tomar um antibiótico é como bombardear os trilhões de microrganismos que vivem no intestino, matando não apenas os ruins, mas também os bons. As bactérias resistentes a medicamentos já existem no corpo; as benéficas ajudam a mantê-las sob controle. Quando um antibiótico elimina as segundas, as primeiras podem proliferar, tornando as infecções mais difíceis de tratar. Com o uso excessivo de antibióticos, nossos micróbios estão desaparecendo. Trata-se de uma crise com consequências de longo alcance que os cientistas ainda não compreendem em sua totalidade. "Acredito que a profissão médica, de maneira geral, tem superestimado o valor dos antibióticos e subestimado o custo com regularidade", afirmou Blaser.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência antimicrobiana é uma das ameaças principais à saúde pública global. Estima-se que anualmente, nos Estados Unidos, ocorram cerca de 2,8 milhões de infecções resistentes a antimicrobianos, que resultam em mais de 35 mil mortes. Quem toma muitos antibióticos corre maior risco de desenvolver uma infecção refratária ao medicamento e de transmiti-la a outras pessoas, o que pode contribuir para o aumento de bactérias resistentes, às vezes chamadas de superbactérias. Além disso, o uso regular de antibióticos também pode nos tornar mais suscetíveis a outras doenças.

Os antibióticos também afetam negativamente as bactérias intestinais benéficas, responsáveis pelo metabolismo, pela digestão de alimentos e pelo desenvolvimento do sistema imunológico. Atualmente, pesquisadores estão investigando se isso pode contribuir para distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2, e doenças autoimunes. Estudos em animais indicam que o uso inadequado de antibióticos está associado a doenças crônicas. Embora dados sugiram que essa correlação também ocorra em humanos, a dra. Lauri Hicks, diretora do Escritório de Administração de Antibióticos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, destaca que a ligação entre o uso de antibióticos e diversas doenças crônicas necessita de mais pesquisas.

Nos últimos anos, especialistas têm defendido uma revisão na abordagem ao uso desses medicamentos. "É preciso abandonar essa mentalidade tradicional, em certa medida americana, de que os antibióticos são sempre benéficos e não causam danos", ressaltou a dra. Sara Cosgrove, professora de medicina na divisão de doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.

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