Pesquisa aponta que mercado editorial encolhe 8,8% na pandemia da Covid-19
Setor de obras gerais cresceu em 2020 e vendas em livrarias exclusivamente digitais dispararam
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A Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial aponta que em 2020, o mercado editorial encolheu outros 8,8%, em termos nominais, e 13% em termos reais (de 2006 a 2019, a queda somada foi de 20%, em termos reais). O desempenho das editoras no primeiro ano da pandemia, apurado pela Nielsen com base em informações fornecidas por elas, foi revelado na manhã desta terça-feira (25), pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Snel.
Segundo o levantamento, como esperado, foram publicados e vendidos menos livros no ano passado. Em termos gerais, foram impressos 314 milhões de exemplares (82% em reimpressão e 18% de novos títulos), uma redução de 20,5% na tiragem total. E editados 46 mil títulos (76%, 35.087, se referem a reimpressões e 24%, 11.295, a novas obras) – uma queda geral de 17,4% nos lançamentos de novos livros. No total, foram vendidos 354 milhões de exemplares e as editoras faturaram R$ 5,2 bilhões (R$ 3,7 bilhões em vendas para o mercado e R$ 1,4% bilhão para o governo).
Um dos motivos é a desaceleração nos três primeiros meses da pandemia, quando ninguém sabia o que ia acontecer no mundo e tudo ficou em suspensão. Outro: o enfraquecimento das livrarias como pontos de venda e exposição – algo que já vinha acontecendo, mas que se acentuou agora. Em 2018, ela era responsável por 50,5% do faturamento das editoras. Em 2019, por 41,6%. Em 2020, por 30%.
Já em relação as livrarias exclusivamente virtuais, como a Amazon, a pesquisa mostra que dobraram sua participação – de 12,7% em 2019 para 24,8% agora. Elas foram responsáveis por 84% do faturamento das editoras e venderam 53 milhões de exemplares. A venda em escolas também cresceu de 5,9% para 9,1%. E em market places, de 5,2% para 8,1%.
O levantamento traz ainda outro dado: os clubes de assinatura de livros aumentaram em 174% sua participação no faturamento das editoras. O valor ainda é baixo, R$ 36 milhões, e muito baixo se comparado com outros canais de distribuição, como as livrarias virtuais (R$ 932 milhões), mas é um formato de venda que vem conquistando leitores e mobilizando editoras e livrarias.
De acordo com a pesquisa, o subsetor de obras gerais foi o que teve melhor desempenho, e com números positivos (aumento nominal de 3,8%), no ano passado, quando analisamos apenas as vendas ao mercado. Foram produzidos 21.599 títulos e impressos 80.581 milhões de exemplares. E foram vendidos, também apenas para o mercado, 88.081 milhões de exemplares (1,1% a menos do que em 2019. Quando colocamos as vendas para o governo na conta, os números caem drasticamente. Mas é preciso lembrar que essas compras são sazonais, e em 2020 não houve compras para o PNLD Literário, o que melhoraria muito esses números.
Esses livros de obras gerais foram, em sua maioria, vendidos por livrarias exclusivamente virtuais (38,5% ante 12,9% no ano anterior), livrarias (29,8% ante 57,7%), distribuidoras (10,7% contra 13,2%), clube do livro (4,1% contra 1,1%), supermercado (2,8% contra 3,5%) e outros (14,1% ante 11,3%). Isso, em exemplares vendidos.
Conforme a pesquisa, o pior setor em 2020 foi o de livros religiosos. Os didáticos também não foram bem no ano passado, e o setor apresentou queda de 11% nas vendas para o mercado e, em termos reais, essa redução é de 15%. CTP (Científico, Técnico e Profissional) continua em queda de produção e venda.