Pesquisa aponta que pandemia provocada pela Covid-19 afetou o tratamento de câncer

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Oncoguia, aponta que dos 429 pacientes portadores de câncer, 43% foram afetados pela pandemia provocada pelo novo coronavírus. Em contrapartida, 55% disseram não ter sofrido nenhum prejuízo.

Uma das consequências da pandemia foi o atraso no diagnóstico e a interrupção do tratamento de casos de câncer. Dentre os que declararam ter sido afetados pela crise sanitária, 15% afirmaram que os tratamentos tinham sido adiados. 10% afirmaram que não conseguiam agendar consultas e 6% que seus tratamentos haviam sido cancelados, sem previsão de retorno.

43% dos pacientes afetados disseram que o adiamento ou a interrupção dos tratamentos ou procedimentos foi por decisão das clínicas e hospitais. Apenas 12% dos que responderam ao questionário disseram ter decidido eles próprios interromper a rotina de cuidados médicos.

Seis em cada dez dos pacientes oncológicos que responderam ao questionário e que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) declararam que o tratamento sofreu impacto, contra 33% dos usuários de hospitais particulares.

Em uma análise por região, as respostas indicam que os entrevistados da Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) foram mais impactados que a média (43%) nacional: 63% deles responderam que seus tratamentos foram sim afetados em razão do contexto.

A partir de um levantamento realizado junto a serviços especializados de todo o país, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e a Sociedade Brasileira de Patologia estimam que ao menos 70 mil pessoas com câncer deixaram de receber o diagnóstico da doença entre março e o fim de maio.

As duas entidades calculam que cerca de 70% das cirurgias oncológicas deixaram de ser realizadas nos primeiros três meses após a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretar a situação de pandemia.