Coronavírus

Pesquisa revela novas evidências sobre causa de depressão após infecção pela covid-19

O estudo contou com a participação de pesquisadores da Unicamp e da UFRJ, além de representantes da USP

Por Da Redação
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Pesquisa revela novas evidências sobre causa de depressão após infecção pela covid-19

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) revelou o mecanismo que pode estar por trás de quadros de depressão, ansiedade e perda de memória após infecção pela covid-19. Como mostra o levantamento, o Sars-CoV-2 atinge os neurônios e, principalmente, os astrócitos - que funcionam como uma espécie de bomba de combustível para o cérebro. O fenômeno produziria um efeito em cadeia no sistema nervoso central.

As análises, iniciadas no primeiro ano de pandemia, compreendem pacientes afetados de diferentes formas pela doença. O estudo contou com a participação de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de representantes da USP.

A covid longa deixa sequelas não só pacientes com quadros graves, mas também naqueles que tiveram poucos sintomas, afirma a pesquisa. Nas últimas semanas, o Brasil verificou uma nova onda de coronavírus, associada a subvariantes da Ômicron. Em razão da alta de casos, médicos alertam sobre a importância de atualizar a vacinação anticovid e orientam o uso de máscara em ambientes fechados e de aglomeração, principalmente por pessoas mais vulneráveis.

"O grande problema que a gente vai vivenciar agora é a covid longa, tanto é que tem tanta gente querendo entender essa doença", afirmou Thiago Mattar Cunha, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e coautor do estudo.

Como explicou Cunha, em uma das frentes, os pesquisadores realizaram biópsias de 26 vítimas fatais da covid e coletaram, além de amostras de pulmão, material cerebral.

Nas avaliações, foram detectadas alterações neuronais em cinco dos pacientes analisados, e o Sars-CoV-2 foi identificado no cérebro de todos eles. "Foi aí que nós identificamos os astrócitos como as principais células que abrigavam os vírus no sistema nervoso central", relembra ele, destacando que os astrócitos não só dão suporte para a célula neuronal, como têm outras funções de apoio. "Qualquer distúrbio que aconteça nos astrócitos afeta, de alguma forma, os neurônios e, consequentemente, o sistema nervoso central."

Após as observações iniciais, os cientistas infectaram astrócitos in vitro com o Sars-CoV-2 e verificaram que eles podem produzir até substâncias neurotóxicas, capazes de matar os neurônios.

Diante disso, o grupo avaliou que podia haver uma correlação entre o pós-covid e quadros de perda de memória, depressão e ansiedade, por exemplo. "Pacientes com covid longa tinham uma redução de massa, ou de tamanho, de determinadas estruturas cerebrais, como córtex pré-frontal e hipocampo", disse Cunha.

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