Pesquisadores da UFAC descobrem fungos da Amazônia capazes de combater o Aedes Aegypti
Estudo aponta avanço promissor na luta contra os vírus transmitidos pelo mosquito

Foto: Divulgação/Fiocruz
Pesquisadores da Universidade Federal do Acre (UFAC) anunciaram uma descoberta promissora no combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor dos vírus da dengue, chikungunya, zika e febre amarela. Três espécies de fungos encontradas no solo da Amazônia demonstraram a capacidade de controlar a proliferação das larvas do temido vetor.
A pesquisa liderada pelo coordenador Gleison Rafael Mendonça, engenheiro florestal e biólogo, teve seus resultados divulgados na última sexta-feira (27), na revista científica Brazilian Journal of Biology. O objetivo do estudo é desenvolver um inseticida natural, produzido a partir de bioativos da própria floresta, mais eficaz para a realidade da região Norte.
O Aedes aegypti representa um desafio significativo para a saúde pública. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) estima que aproximadamente 500 milhões de pessoas nas Américas estão em risco de contrair dengue. O número de casos da doença na região passou de 1,5 milhão na década de 1980 para impressionantes 16,2 milhões na década de 2010.
A pesquisa de Mendonça começou com a coleta de amostras do solo da floresta amazônica na região do Acre. O cientista investigou espécies de fungos e larvas do mosquito nos arredores das residências da capital Rio Branco.
Dentre as 23 espécies de fungos selecionadas em laboratório para análise, cinco mostraram eficácia em exterminar o vetor do mosquito em um ambiente controlado. Entretanto, apenas três delas se destacaram quando testadas em um ambiente mais próximo de onde o Aedes aegypti se desenvolve na vida real. As espécies Beauveria sp, Metarhizium anisopliae e M. anisopliae foram capazes de eliminar 100% das larvas em cerca de três dias.
Os pesquisadores acreditam que um inseticida desenvolvido a partir dos bioativos encontrados no solo local pode ser mais eficaz no combate aos mosquitos da região. Além disso, teria um baixo impacto ambiental, uma vez que não haveria contaminação da água.
O inverno chuvoso na região amazônica propicia a formação de poças de água estagnada, o que contribui para o acúmulo de larvas do Aedes aegypti e torna-se um foco para a transmissão de doenças. “Os microrganismos nativos da região amazônica são, obviamente, adaptados às condições locais da região. Então, priorizar o uso de um produto desenvolvido a partir de estirpes nativas de outras regiões pode impedir a ação eficaz dele por aqui porque as condições climáticas são diferentes”, afirmou Mendonça em entrevista à Agência Bori.