PF abre inquérito para investigar conduta de Pazuello na crise sanitária do Amazonas
Procuradoria-Geral da República viu possível 'omissão' e pediu abertura de inquérito
Foto: Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) abriu nesta sexta-feira (29), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, um inquérito para investigar a conduta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na crise sanitária do Amazonas. De acordo com Lewandowski, relator da investigação, Pazuello terá a prerrogativa de marcar dia, horário e local para ser ouvido em depoimento pela PF.
A investigação deve tramitar no Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq) porque Pazuello, na condição de ministro, tem foro privilegiado. De acordo com o inquérito, Pazuello é investigado por causa do colapso na saúde pública no Amazonas. Pacientes morreram pela falta de oxigênio medicinal nos hospitais e muitos foram transferidos para receber atendimento médico em outros Estados.
O envio do caso a Lewandowski foi determinado na última segunda-feira (25), pela vice-presidente do STF, Rosa Weber, que está à frente do plantão judiciário durante o recesso. O pedido de inquérito foi enviado ao Supremo no sábado (23), pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, com base em uma representação do partido Cidadania e em informações apresentadas pelo próprio ministro Pazuello.
Após o pedido da PGR ao STF, a pasta informou que aguardaria a notificação oficial para se manifestar. No documento enviado ao STF na última semana, a PGR afirma que o Ministério da Saúde recebeu informações sobre um possível colapso do sistema de saúde na capital do Amazonas ainda em dezembro, mas só enviou representantes ao estado em janeiro deste ano.
A PGR também aponta indícios de atraso para o envio efetivo de oxigênio hospitalar às cidades amazonenses. Além disso, outro fator que chamou a atenção da PGR foi a distribuição de 120 mil unidades de hidroxicloroquina, como medicamento para tratar a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, quase a mesma quantidade de testes do tipo PCR que havia sido entregue ao estado do Amazonas.
Aras afirma que "a distribuição de cloroquina foi iniciada em março de 2020, inclusive com orientações para o tratamento precoce da doença, todavia sem indicar quais os documentos técnicos serviram de base à orientação". A cloroquina não tem eficácia comprovada.
O procurador-geral defende o aprofundamento nas investigações sobre os "gravíssimos fatos imputados" ao ministro, "considerando que a possível intempestividade nas ações do representado, o ministro Eduardo Pazuello, o qual tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados, pode caracterizar omissão passível de responsabilização cível, administrativa e/ou criminal".