PF aponta falhas do Santander em identificar origem de recursos da fintech ligada ao PCC
Relatório da Operação Tank indica que banco não reconheceu depósitos suspeitos que movimentaram milhões de reais em contas da Tycoon

Foto: Divulgação/Santander
A Polícia Federal (PF) apontou, em relatório da Operação Tank, que o Santander deixou de identificar a origem de valores depositados em contas da Tycoon, fintech presidida por Rafael Bronzati Belon, preso na última quinta-feira (28). A empresa, sediada em Curitiba, é suspeita de integrar um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo as investigações, cerca de 96,7% dos créditos nas contas da Tycoon eram provenientes de depósitos em espécie. Apenas na conta do Santander, entre abril de 2020 e março de 2022, foram movimentados R$ 91,2 milhões, dos quais R$ 82 milhões tinham vínculo com serviços de coleta de valores.
A PF ressalta que, em menos de dois anos, foram registradas 8.224 transações desse tipo. Apesar de 879 comunicações financeiras terem sido feitas pelo banco, os investigadores afirmam que não houve análise de risco. “Os valores coletados por meio de carro-forte por óbvio já pressupõem grandes quantias de recursos e, sendo a Tycoon uma instituição de pagamento, torna-se evidente que tais recursos não eram de propriedade da Tycoon, mas sim de terceiros, o que foi deliberadamente ignorado pelo Banco Santander”, diz o relatório.
Ainda segundo a corporação, os pontos de coleta informados pelo banco eram, em sua maioria, postos de combustíveis ligados a investigados da operação. Um deles é associado a Gerson Lemes, também preso pela PF.
Deflagrada simultaneamente com outras duas operações — uma da própria PF e a Carbono Oculto, do Ministério Público de São Paulo —, a Tank mira a desarticulação de um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro já identificados no Paraná. O grupo criminoso é acusado de movimentar cerca de R$ 23 bilhões e lavar ao menos R$ 600 milhões desde 2019.
Em nota, o Santander afirmou que “mantém sistemas robustos e contínuos de controle e reitera seu compromisso rigoroso com a legalidade, a integridade e a legislação de Prevenção e Controle à Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo”. O banco também destacou que, por força das normas legais, não pode comentar casos específicos.