PF apreende computador da Abin na BA em operação que investiga espionagem ilegal durante governo Bolsonaro
Aparelho havia sido emprestado a militar na época da chefia de Alexandre Ramagem
Foto: Divulgação
A Polícia Federal apreendeu, durante a operação que apura possíveis ações ilegais dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um computador da agência em um endereço na Bahia. Mais cedo, agentes também já haviam apreendido um outro aparelho do órgão de inteligência em um imóvel ligado ao vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro.
Segundo informações da jornalista Juliana Dal Piva, colunista do site ICL Notícias, o dispositivo pertencia a Abin e estava cedido por empréstimo a um militar do Exército na época em que o deputado federal Alexandre Ramagem era o diretor-geral da agência durante o governo de Jair Bolsonaro.
O militar foi identificado como Giancarlos Gomes Rodrigues. Ele é casado com uma servidora da Abin. A PF apura como esse militar atuava na estrutura da chamada “Abin paralela”. Ele não é e nem foi assessor de Carlos Bolsonaro. Também foram apreendidos 10 celulares e mais dois computadores.
Carlos Bolsonaro é um dos alvos, nesta segunda-feira (29), da Operação da Polícia Federal que apura desvios cometidos na Abin durante o governo Bolsonaro. A busca e apreensão foi autorizada para a casa de Carlos e também na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Ao todo, as diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília–DF (18), Juiz de Fora–MG (1), São João Del Rei–MG (1), Rio de Janeiro–RJ (1) e Salvador (1). Na capital baiana, a PF cumpre mandados em continuidade à Operação Vigilância Aproximada. Todas as ações foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Denúncias contra Abin
As buscas são um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada, que investiga o uso político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas por meio de grampo no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Segundo a PF, nessas ações eram utilizadas, de maneira ilegal, investigações paralelas sem qualquer controle judicial ou do Ministério Público.
Os suspeitos podem ser responsabilizados, de acordo com suas ações, por invasão de dispositivo informático alheio, participação em organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados por lei.