PF faz operação para investigar suposto uso ilegal de software espião na Abin; Ramagem é um dos alvos
Agentes realizam buscas no gabinete do deputado em Brasília; ao todo, a PF cumpre 21 mandados
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), uma operação que investiga supostos monitoramentos ilegais na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Um dos alvos é o ex-diretor da agência e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele chefiou o órgão durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2022.
Em nota, a PF diz que cumpre 21 mandados de busca em Brasília (18), Minas Gerais (2) e Rio de Janeiro (1). A investigação apura o uso de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis da Abin sem a devida autorização judicial.
“As provas obtidas a partir das diligências executadas pela PF indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações”, diz a PF.
A corporação informou ainda que, além das buscas, há outras medidas alternativas à prisão sendo cumpridas, incluindo a suspensão imediata de sete policiais federais supostamente envolvidos no monitoramento ilegal.
A operação realizada nesta quinta-feira recebeu o nome de "Vigilância Aproximada" e representa um desdobramento da operação "Primeira Milha", que teve início em outubro de 2023 com o objetivo de investigar o suposto uso criminoso da ferramenta "FirstMile".
Software espião
O FirstMile é um software que possibilita o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa que será monitorada. Ele é capaz de fornecer dados sigilosos e pessoais, como registro de mensagens, telefonemas e localização em tempo real.
Segundo as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.