PF investiga uso de laranjas em fraudes com descontos sobre aposentadorias no INSS
Entidades suspeitas movimentaram R$ 1,7 bilhão com acordos firmados com o órgão

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A Polícia Federal identificou ao menos sete entidades envolvidas em um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que teriam como dirigentes formais pessoas usadas como laranjas por empresários beneficiados com repasses milionários. O grupo inclui beneficiários do Bolsa Família, idosos com baixa renda e até uma faxineira registrada como dirigente.
As entidades em questão firmaram acordos de cooperação técnica com o INSS e, juntas, movimentaram R$ 1,7 bilhão. Segundo as investigações, os reais operadores por trás das associações obtinham procurações para gerir os recursos, intermediar repasses e, possivelmente, pagar propinas a servidores do órgão. Um dos principais alvos é o lobista conhecido como “Careca do INSS”, apontado como articulador do esquema.
Entre os casos mais emblemáticos estão os da AAPB e da AAPEN, que repassaram milhões a operadores suspeitos e foram dirigidas, oficialmente, por pessoas sem condições de movimentar valores desse porte. Há ainda entidades como a Unaspub e a Universo, ligadas a empresários e acusadas de integrar redes de favorecimento em contratos com o instituto.
O esquema teria impactado diretamente o atendimento no INSS e contribuído para o aumento da fila de espera por benefícios. Segundo a PF, os prejuízos operacionais ao órgão superam R$ 5,9 milhões. A investigação também mira ex-dirigentes do INSS que autorizaram os acordos com as entidades, como José Carlos de Oliveira e André Fidelis, ligados às gestões de Jair Bolsonaro e o presidente Lula.