PF negocia delações em investigação sobre Abin Paralela no governo Bolsonaro
De acordo com Andrei, a perspectiva é que o inquérito seja concluído em julho ou agosto
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse nesta terça-feira (11) que investigadores negociam colaborações premiadas na apuração sobre a existência de uma Abin paralela durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com Andrei, a perspectiva é que o inquérito seja concluído em julho ou agosto.
"Estamos [na fase de] diligências finais, tem a possibilidade de colaboração de investigados", afirmou o diretor-geral.
A Abin está no foco de investigação da PF desde março do ano passado, quando veio à tona a informação de que a gestão Bolsonaro usou o software FirstMile para investigar ilegalmente adversários políticos por meio da localização geográfica de telefones celulares.
O inquérito já resultou em duas operações com prisões e buscas e apreensões, uma em outubro e a mais recente em janeiro.
Segundo a Folha apurou, a PF abriu pelo menos mais um inquérito ligado ao caso para apurar tentativa de obstrução de justiça da atual diretoria em investigações relativas à Abin.
Após a conclusão do inquérito central sobre a agência, a PF deverá abrir outras investigações relacionadas a cerca de cem dossiês produzidos na gestão passada que teriam indícios de ilícitos.
O FirstMile é um software de monitoramento produzido pela empresa israelense Cognyte antiga Suntech/Grupo Verint. O programa foi usado pela Abin entre 2019 e 2021.
A PF usa como evidência um e-mail entre integrantes da Abin e funcionários da empresa para sustentar que o software era utilizado para invadir a rede de telefonia e acessar dados de localização.
O FirstMile foi adquirido pela Abin no governo de Michel Temer por R$ 5,7 milhões. Caio Cesar dos Santos Cruz, filho do ex-ministro do governo Bolsonaro Santos Cruz, era um dos representantes da empresa.