"Podemos usar a Lei de Reciprocidade que foi aprovada pelo Congresso Nacional", diz Lula em entrevista à CNN Internacional sobre a taxa de 50% imposta por Trump
O presidente concedeu entrevista exclusiva à âncora Christiane Amanpour e afirmou, ainda, que, caso não haja negociação, recorrerá à OMC

Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (17) que não aceitará "nada que lhe seja imposto". A declaração do gestor, realizada em entrevista à CNN internacional, faz referência ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que taxou em 50% todos os produtos importados do Brasil.
"O Brasil deve cuidar do Brasil e cuidar do povo brasileiro, e não cuidar dos interesses dos outros. O Brasil não aceitará nada que lhe seja imposto. Aceitamos negociação e não imposição", afirmou Lula.
O presidente se mostrou disposto a negociar com o norte-americano, afirmando que a melhor coisa a se fazer agora é sentar e conversar.
"Se o presidente Trump estiver disposto a levar a sério as negociações em andamento entre o Brasil e os EUA, estarei aberto a negociar o que for necessário. Mas o importante é que a relação entre os dois países não pode continuar assim", pontuou.
No entanto, Lula disse que, caso um acordo não seja firmado e as taxas reduzidas, irá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou à Lei de Reciprocidade.
"Se não conseguirmos chegar a um acordo, posso garantir que iremos à Organização Mundial do Comércio ou podemos reunir um grupo de países para responder ou podemos usar a Lei de Reciprocidade que foi aprovada pelo Congresso Nacional", declarou.
A lei brasileira, assinada pelo presidente na última segunda-feira (14), prevê que em casos de retaliações comerciais externas, o Brasil estará preparado para combater sanções de demais países, com imposições próprias, como sobretaxas na importação de bens e serviços, ou suspensão de acordos, ou obrigações comerciais.
"Lamento que dois países que têm uma relação histórica de 201 anos prefiram ficar brigando através de meios judiciais porque um presidente não respeita a soberania do outro", prosseguiu Lula.
O brasileiro também afirmou que responderá ao tarifaço de Trump no momento certo.
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