Polícia investiga ataques a moradores de rua em pelo menos quatro estados; criminosos foram convocados pelo Discord

O Discord está na mira da Polícia Civil de São Paulo pela transmissão de cenas de estupros virtuais e automutilação. Além disso, integrantes de comunidades também estão sendo investigados por atentados contra moradores de rua. Casos estão sendo apurados no estado do Rio de Janeiro, Goiás, Espírito Santo e São Paulo.

Os ataques são transmitidos ao vivo pelas comunidades extremistas como uma forma de "lulz" - como eles denominam atos crueis que são tratados como entretenimento pelos integrantes. Essa expressão é uma variação de LOL, que significa “laughing out loud” (rindo muito ou rindo alto, em português), geralmente utilizado na internet que você está gargalhando. 

Com os ataques, os autores ganham status dentro dos grupos extremistas. Um exemplo é o líder de uma "panelas" - como chamam os núcleos criminosos - que mentia dizendo que tinha matado uma pessoa em situação de rua. Não há nenhuma confirmação de que isso aconteceu de fato. Ele responde atualmente por estupros de duas adolescentes, de 13 e 16 anos, pelo Discord.

Um dos pesquisadores contou ao jornal O Globo, que um paneleiro de 15 anos disse que  conduziu um desafio para matar pessoas em situação de rua e conseguiu seis vítimas (em diferentes cidades). Ele explicou que "para eles, é um crime que é fácil de esconder, por ser uma população marginalizada e que não chama atenção. 

O caso mais recente aconteceu no Rio, onde um adolescente de 17 anos foi apreendido por atear fogo em um homem que vivia em uma rua na Zona Oeste. O caso aconteceu em fevereiro, dias depois de um militar de 20 anos que transmitia o crime ao vivo também foi preso. 

Veja os casos que aconteceram em outros estados: 

São Paulo: Em 2023, a polícia do estado prendeu quatro jovens de 19 a 22 anos acusados de matar uma pessoa em situação de rua. Eles teriam se organizado pelo Discord para cometer o crime, que não teve outros detalhes revelados.              

Espírito Santo: Após a denúncia de uma família da Serra (ES), a Polícia Civil passou a investigar um grupo que, entre outros crimes, planejava atear fogo em moradores de rua. Na operação, uma adolescente de 15 anos foi apreendida no Rio. 

Rio de Janeiro: Um jovem de 17 foi apreendido e um militar de 20 anos foi preso por atear fogo em uma pessoa que estava dormindo na rua em fevereiro. O crime foi transmitido ao vivo em uma "panela" do Discord. 

Goiás: A Polícia Civil apreendeu um menor acusado de ser um dos organizadores do ataque ao morador de rua no Rio. Também está sendo analisada uma segunda vítima desse mesmo grupo de extremistas, semanas antes, no estado de São Paulo.