Políticos, ministros do STF e jornalistas foram alvos de espionagem por servidores da Abin, diz PF
Até o momento, dois funcionários foram presos e outros cinco afastados das atividades
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Uma operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (20), apontou que jornalistas e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão entre os alvos do monitoramento ilegal realizado por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Até o momento, dois servidores da agência foram presos e outros cinco afastados das atividades.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, a PF encontrou US$ 171 mil em espécie na casa do secretário de planejamento de gestão da Abin, Paulo Maurício Fortunato. Ele é um dos alvos da investigação.
Segundo a investigação, policiais, advogados, juízes e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) também teriam sido espionados. O grupo usava sistema de geolocalização para monitorar localização e ligações telefônicas. A ferramenta é israelense e teria sido utilizada de forma irregular entre dezembro de 2018 e 2021.
O programa solicitava que fosse digitado o número do contato e, a partir disso, poderia ser acompanhado em um mapa, com as redes 2G, 3G e 4G, a última localização do dono do aparelho.
O uso da ferramenta ilegal foi revelado em março deste ano pelo jornal O Globo, o que motivou a abertura do inquérito na Diretoria de Inteligência da PF.
Por meio de nota, a Abin afirma “o contrato 567/2018, de caráter sigiloso, teve início em 26 de dezembro de 2018 e foi encerrado em 8 de maio de 2021.” O diretor da Abin nesse período era Alexandre Ramagem, hoje deputado do mesmo partido do ex-presidente Bolsonaro, o PL. Até o momento, Ramagem ainda não se manifestou sobre o assunto.
Confira a nota da Abin na íntegra
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) informa que, em 23 de fevereiro de 2023, a Corregedoria-Geral da ABIN concluiu Correição Extraordinária para verificar a regularidade do uso de sistema de geolocalização adquirido pelo órgão em dezembro de 2018.
A partir das conclusões dessa correição, foi instaurada sindicância investigativa em 21 de março de 2023. Desde então, as informações apuradas nessa sindicância interna vêm sendo repassadas pela ABIN para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal.
Todas as requisições da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela ABIN. A Agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações.
A ABIN vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20). Foram afastados cautelarmente os servidores investigados.
A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da ABIN reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito.