Por que Gol, Latam e Azul pediram recuperação judicial? Entenda medida das principais companhias aéreas do Brasil
Pedido recente da Azul reacende o tema sobre os problemas financeiros da aviação brasileira

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Com o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos feito pela Azul, a empresa se torna a última, junto com a Gol e Latam, a adotarem esta medida dentre as principais companhias aéreas brasileiras, o que reacende o tema sobre os problemas financeiros da aviação brasileira.
Em 2024, a Gol recorreu ao processo por dívidas estimadas em R$ 20 bilhões. Com o plano de reestruturação aprovado pela Justiça dos EUA, a empresa busca encerrar este ciclo.
Já a Latam conseguiu reverter a situação ao adotar a medida em 2020. Conforme especialistas consultados pelo g1, houve um aumento no volume de pedidos de recuperação judicial no setor aéreo por fatores como a desvalorização do real frente ao dólar, os altos custos operacionais e o aumento nos preços dos combustíveis.
O economista e professor da UFMG, Ricardo Machado Ruiz, explica que os prejuízos enfrentados são acumulados desde o início da pandemia de coronavírus, fator que influenciou na queda de venda de passagens aéreas.
Já o sócio especialista em reestruturação da RGF Consultoria, Rodrigo Gallegos, aponta que "o setor aéreo desde sempre enfrentou uma concorrência muito grande em relação a preços, uma vez que grande parte da população leva isso em consideração na hora de viajar".
"Sem contar que, quando uma companhia começa a ter dificuldades financeiras, isso também pode afetar os seus contratos de leasing [aluguel de aviões] no exterior. Quando isso acontece, as companhias que arrendam aeronaves podem simplesmente tomar esse ativo de volta, prejudicando a operação", concluiu.
Outros fatores como a falta de de apoio governamental também pesam na balança. O diretor do FGV Transportes, Marcus Quintella, cita que as as companhias aéreas brasileiras não receberam nenhum auxílio do governo no período pós-pandemia.
Por fim, o consultor de aviação Gianfranco "Panda" Beting aponta a crise no setor aéreo brasileiro com falta de infraestrutura e encarecimento de impostos.