Postagens com vídeos antigos de descarte de alimentos sugerem falsa relação com inflação atual

Diante do atual cenário de inflação dos alimentos, perfis passaram a circular nas redes sociais vídeos que mostram produtos como cebola, tomate e leite sendo descartados, gerando uma falsa relação entre o descarte de alimentos com o aumento da inflação.

A relação entre os vídeos e a inflação não pode ser comprovada, pois a maioria das imagens compartilhadas são do ano de 2024, ou até mesmo mais antigas. Nesses períodos, os alimentos registraram queda nos preços.

Especialistas apontam que o descarte de determinados produtos não surge efeito no preço de um produto a nível nacional, como em casos registados em Irecê, no interior da Bahia.

Um exemplo são os vídeos divulgados em meados de 2024, que registram o descarte de alimentos como tomate e cebola. Os produtos terminaram o ano com queda de preço, o que comprova a falta de relação com a inflação.

A postagem mais antiga encontrada com o vídeo de descarte de cebola e tomate foi publicada no dia 11 de novembro de 2024, no Instagram. Outro vídeo registrado no dia 13 de novembro de 2024 mostra cebolas no chão, com um homem afirmando que trata-se da região de Irecê.

Mesmo com os registros de descarte, o preço da cebola caiu 35,3% em 2024 em relação a 2023, conforme divulgado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Enquanto o preço do tomate registrou queda de 25,8% no mesmo período.

Vídeos de descartes de tomate e cebola circulam nas redes desde meados de 2024 | Foto: Reprodução

Em um outro vídeo compartilhado, produtores jogam leite em uma estrada de asfalto. O vídeo foi registrado em setembro de 2023, em Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul. Na ocasião, os produtores de leite protestavam contra importações do produto de países do Mercosul.

Protesto contra importações de leite no Rio Grande do Sul em 2023 | Foto: Reprodução redes sociais

Apesar dos descartes, mais uma vez foi registrada queda no preço do produto, com o leite longa vida terminando o ano com baixa de 7,83% em relação ao ano passado. O produto inclusive apareceu na lista dos 50 itens que mais recuaram em 2023, segundo o IPCA.