Preço dos alimentos beirou deflação, mas voltou a subir e fechou fevereiro em alta
As maiores pressões vieram do café, que subiu 9,4% no mês e já atinge 66% de alta nos últimos 12 meses

Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
O preço médio dos alimentos foi em direção à deflação em meados de fevereiro, mas retomou a tendência de alta no final do mês. Em fevereiro, a inflação dos alimentos foi de 0,43%, acumulando 1,11% no ano.
A inflação geral, considerando todos os gastos dos consumidores, foi de 0,51% no mês passado, conforme o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), divulgado nesta quinta-feira (6). Os preços se referem à cidade de São Paulo.
As maiores pressões vieram do café, que subiu 9,4% no mês e já atinge 66% de alta nos últimos 12 meses. Mas o índice de inflação vem recebendo um novo impulso nas últimas semanas, o dos ovos. A menor oferta e demanda aquecida levaram essa proteína a ter reajuste de 14,9% no mês passado, acumulando aumento de 17,8% no primeiro bimestre do ano.
Os dois produtos devem manter alta nos preços nas próximas semanas. O café, mesmo com a entrada da safra, ainda tem produção incerta, devido ao clima. O calor afeta também a produção de ovos em um período do ano de demanda maior.
O alívio na taxa de inflação vem de arroz, feijão, frutas, cebola e batata. A produção e a oferta das duas últimas melhoraram, e os preços tiveram retração de 6,3% no mês. A oferta de frutas e de legumes também é maior, mas a de verduras ainda está limitada, resultando em alta nos preços. O clima continua desfavorável para os hortifrútis.
Na média, os produtos "in natura" caíram 0,64% em fevereiro, com redução de 2,6% nas frutas e de 0,1% nos legumes. As verduras subiram 6%.
A dobradinha arroz e feijão mantêm preços favoráveis ao consumidor. Há uma boa perspectiva na produção de arroz, acima do que era previsto inicialmente, o que permitiu uma queda de 11% nos preços do cereal no campo no mês passado. Nos supermercados, a retração foi de 1,4%.
O feijão também está com queda, mas, ao contrário do arroz, essa redução nos preços ocorre devido à boa primeira safra da leguminosa, já absorvida pelo mercado Os dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) já mostram correção de preços no campo neste início de mês.
O óleo de soja e o azeite, dois produtos que exerceram forte pressão no ano passado, apresentam queda. O derivado da soja cai devido à maior oferta da leguminosa no mercado interno e à inércia dos preços externos, graças à safra mundial recorde e à recomposição dos estoques internacionais.
O azeite de oliva, passada a redução na produção de azeitonas na Europa, tem tendência de queda nos preços mundiais, refletida também no Brasil, mesmo com o alto valor do dólar.
O leite, outro produto básico à maioria da população, ainda está em queda nos supermercados, mas essa tendência deve ser revertida. Após retração no quarto trimestre, os preços voltaram a subir no campo neste ano.
A produção de leite perdeu força e a demanda está firme, devido à disputa do produto pelas indústrias. A queda no varejo foi de 0,3% no mês passado. No campo, a alta é de 2,5%, segundo o Cepea.
Ainda no setor de cereais, o milho mantém alta no campo, o que eleva o custo de produção das proteínas. O setor tem estoques baixos e está à espera da safrinha, que está sendo semeada.
O trigo tem problemas em regiões produtoras no hemisfério Norte, e a safra brasileira começará a ser semeada só em dois meses. Ainda está indefinida a área que o produtor destinará ao cereal. Com isso, os preços sobem.
As carnes não fazem grande pressão na inflação. A bovina está estável, com alta de 0,12% no varejo. Picanha e fraldinha caem, mas acém sobe. A carne suína caiu 1,7%, segundo a Fipe, e a de frango subiu 1% no mês passado. Pescado, devido ao período de aquecimento da demanda, tem aumento de 2% no varejo.