Preços de carnes e frutas no Brasil já apresentam queda e devem despencar após tarifaço de Trump, aponta especialistas
Por outro lado, o café deve registrar alta em decorrência das tarifas de 50% nas importações

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil | Reprodução
Em meio às tarifas de importação de 50% propostas pelo presidente estadunidense, Donald Trump, sobre os produtos brasileiros, analistas avaliam a possibilidade do preço de alimentos no Brasil, como carnes e frutas, despencarem.
Segundo especialistas, com as novas tarifas impostas sobre as exportações aos Estados Unidos (EUA), a tendência é de que mais produtos sejam destinados ao comércio interno, o que significa uma maior disponibilidade dessas mercadorias em solo nacional, que tornaria mais fácil de suprir as demandas e manter o preço mais acessível.
As carnes bovinas, por exemplo, registraram uma queda no atacado, entre 24 de junho e 21 de julho, de 7,8%. Enquanto o preço da arroba do boi gordo recuou em 7,5%. O movimento deve ser reforçado após a implementação das tarifas estadunidenses.
Algumas empresas brasileiras com unidades em demais países, como a JBS, pode ser menos afetada pelas práticas estadunidenses. A JBS pode designar os produtos das unidades brasileiras para o comércio doméstico, enquanto exporta as carnes de unidades situadas na Austrália, a fim de evitar os tarifaços estadunidenses. A mesma estratégia serve para a Minerva, que tem unidades na Argentina, Uruguai e Colômbia.
Com a implementação das tarifas e parte da produção brasileira sendo realocada ao comércio doméstico, a previsão é de que os preços das carnes apresentem queda no final de agosto.
Segundo o economista da LCA 4Intelligence Fábio Romão, o preço da arroba de boi gordo já apresenta queda há três semanas seguidas "nas praças pecuárias de São Paulo” referência para o mercado nacional. Ele avalia que o consumidor deve sentir a maior diferença nos preços entre agosto e setembro.
O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Mato Grosso do Sul, Sérgio Capucci, avalia que o impacto para os consumidores será pequeno devido ao desvio na produção. Segundo ele, ao invés de concentrar os produtos ao comércio interno, as mercadorias que seriam destinadas aos EUA irão para o Chile, China e países do Oriente Médio.
O preço das frutas também já apresenta números favoráveis. No vale do São Francisco, onde são fabricadas 90% das mangas e uvas destinadas à exportação, a manga tommy, bastante enviada aos EUA, foi negociada a R$ 1,50 o quilo entre 14 e 18 de julho, e já caiu para 1,36 na semana passada.
Conforme detalhado pelo presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados, Guilherme Coelho, a expectativa é de que o quilo de manga no Vale caia de R$ 1,20 para R$ 0,30, caso as 48 mil toneladas que seriam exportadas aos EUA fique no Brasil.
Preço do café deve aumentar
Embora o preço do café tenha registrado a primeira queda ao consumidor, entre o dia 16 de junho e 15 de julho, a situação deve piorar com a implementação das tarifas estadunidenses. A previsão oorre, pois a taxação dos produtos brasileiros fez subir a cotação do grão em Nova York.
Só entre 14 de julho e 17 de julho, a cotação subiu 6,8%, e a tendência é de que registre alta após o mês de agosto.