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Prefeitura do Recife superfaturou livros comprados para professores, diz relatório do Tribunal de Contas

Aquisição aconteceu em 2023 sem licitação

Ás

Prefeitura do Recife superfaturou livros comprados para professores, diz relatório do Tribunal de Contas

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um relatório da área técnica do TCE-PE (Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco) aponta superfaturamento de livros didáticos para professores em uma compra realizada pela Prefeitura do Recife.

A aquisição aconteceu em 2023 sem licitação. O caso foi divulgado pelo site Metrópoles e confirmado pela Folha de S.Paulo.

Em nota técnica de setembro de 2024, a área técnica do tribunal apontou que o valor do suposto superfaturamento é de R$ 646 mil, após constatar que a Secretaria de Educação adquiriu 3.317 unidades do material didático do professor ao preço de R$ 310,94 por unidade.

Por meio de nota, a prefeitura diz que "não há qualquer superfaturamento, termo utilizado de forma incorreta, na aquisição de kits de livros para docentes". O caso ainda será julgado pelo tribunal.

Anteriormente, em fevereiro de 2024, a auditoria tinha apontado que o valor total do superfaturamento poderia chegar a R$ 1,6 milhão no ano de 2023, mas o valor foi corrigido em setembro. Segundo o TCE, também há indícios de problemas na compra da licença para uso.

Para a área técnica do TCE, o custo do kit para professores poderia ser de até R$ 116. Acima desse valor, a auditoria considera superfaturamento.

Por meio de nota, a Secretaria de Educação da gestão Campos diz que "a própria equipe de auditoria reconheceu que cometeu um equívoco no relatório original". "Porém, o número de materiais não é exatamente 3.317, pois ele pode ser utilizado por todos os professores da rede de unidades de ensino, portanto um volume ultrapassa 4.000 profissionais", diz a prefeitura.

"Além disso a 'nova' conclusão da auditoria de sobrepreço também está equivocada pois o parâmetro utilizado pela equipe do TCE-PE é uma presunção, sem embasamento técnico ou estudo de mercado, de que o material do professor deveria ser duas vezes o preço do material do estudante", acrescenta a gestão municipal.

A prefeitura também frisou que os materiais de alunos e professores são diferentes, "com processo e custos de desenvolvimento diferentes, portanto não comparáveis". "O preço do material do professor é superior, pois não é apenas um livro, mas inclui também um desenvolvimento diferente e outros custos específicos para os professores, como por exemplo, acesso dos profissionais à plataforma do programa".

A área técnica do TCE também entende que o secretário de Educação do Recife, Fred Amâncio, e outros integrantes da secretaria devem ser multados. "A atuação dos agentes públicos se deu de forma negligente, sem a esperada observância do dever de cuidado e zelo com a coisa pública".

A reportagem procurou a prefeitura para obter posicionamento do secretário, mas não obteve resposta.

Fred Amâncio pediu para deixar a secretaria na semana passada após receber uma proposta da iniciativa privada. Ele ficará no cargo de secretário até o dia 31.

A área técnica também pede responsabilização da empresa Mind Lab, que foi contratada para fornecer o serviço. "A contratada não pode se eximir de responsabilização pelo sobrepreço ofertado e seu superfaturamento, sobretudo numa contratação por inexigibilidade de licitação, em que não há competição por preços mais atrativos", diz a manifestação técnica.

O caso deverá ser julgado pela Primeira Câmara do TCE. O relator é o conselheiro Eduardo Porto, sobrinho do presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), rompido politicamente com a governadora Raquel Lyra (PSD) e aliado de Campos.

A revelação do relatório do TCE acontece após o tribunal editar, no dia 12 de março, uma resolução que torna sigilosos os documentos da área técnica do tribunal. Desde então, os relatórios só podem sair do TCE e serem acessados com autorização do relator.

A reportagem não conseguiu contato com a Mind Lab. Na manifestação de defesa ao próprio TCE, a empresa disse que "não há qualquer tipo de sobrepreço na contratação" e que "a contratação feita pelo Município do Recife foi mais econômica ao seu erário em comparação a outras formuladas por entes distintos", citando contratações feitas por outras prefeituras no país.
 

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